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Maduro amplia poder de militares ao nomear general na PDVSA

Petroleira estatal PDVSA é o pilar da economia venezuelana e declarada em default, devido a uma dívida milionária

Nicolás Maduro: presidente venezuelano nomeou o general para chefiar a PDVSA com a promessa de fazer "uma reestruturação total" da companhia (Marcp Bello/Reuters)

Nicolás Maduro: presidente venezuelano nomeou o general para chefiar a PDVSA com a promessa de fazer "uma reestruturação total" da companhia (Marcp Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de novembro de 2017 às 06h49.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ampliou o poder dos militares em seu governo, ao entregar, neste domingo (26), ao general Manuel Quevedo, o comando da petroleira estatal PDVSA, pilar da economia venezuelana e declarada em default, devido a uma dívida milionária.

Maduro nomeou o general da Guarda Nacional presidente da "nossa amada PDVSA" e ministro do Petróleo, com a promessa de fazer "uma reestruturação total" da companhia, que aporta 96% das divisas do país.

O mandatário, que fez o anúncio durante seu programa semanal de televisão, estabeleceu como principal desafio "elevar a produção" petroleira, que se situa em 1,9 milhão de barris diários (mbd) contra 2,27 mbd em 2016. A mesma alcançou 3,2 mbd em 2008.

Especialistas atribuem esta queda ao baixo investimento em infraestruturas devido ao alto gasto público a cargo da PDVSA.

A menor produção, combinada com a redução nos preços do petróleo, levou o país - que depende de importações - a uma profunda crise, com escassez de alimentos básicos e remédios e uma inflação que o FMI projeta em mais de 2.300% para 2018.

"Lealdade incondicional"

Venezuela e PDVSA foram declaradas recentemente em default por um grupo de detentores de bônus e pelas agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch, devido ao atraso em pagamentos de capital e juros de títulos da dívida.

Os bônus da empresa representam 30% de uma dívida externa venezuelana estimada em 150 bilhões de dólares, que Maduro tenta renegociar.

A Venezuela, país com as maiores reservas petroleiras do mundo, deve pagar até o fim do ano centenas de milhões de dólares de dívida soberana e da PDVSA, e outros US$ 8 bilhões em 2018.

O presidente nomeou outro militar como ministro do Comércio Exterior: o capitão José Vielma Mora, ex-governador do estado de Táchira (leste).

Pelo menos um terço do gabinete de Maduro é formado por oficiais da ativa ou da reserva.

É um poder que, segundo analistas, transforma a Força Armada no principal apoio do presidente socialista, com baixa popularidade e cujo mandato terminará em janeiro de 2019.

O alto comando reitera com frequência sua "lealdade incondicional" a Maduro e à Revolução bolivariana, fundada por seu falecido antecessor, Hugo Chávez (1999-2013).

Hoje, os militares intervêm em diferentes setores, inclusive a produção e a distribuição de alimentos.

Maduro também criou em 2016 a Companhia Anônima Militar de Indústrias Mineiras, Petrolíferas e de Gás (Camimpeg), que vincula à Força Armada a exploração de jazidas.

Corrupção

Como chefe da Guarda Nacional em Caracas, o novo presidente da PDVSA foi chave no controle dos protestos contra Maduro, convocados em 2014.

As manifestações deixaram 43 mortos e o líder opositor Leopoldo López, atualmente em prisão domiciliar, foi condenado a quase 14 anos de prisão, acusado de instigar a violência.

Na época, a oposição responsabilizou pela violência militares e policiais, tal como ocorreu entre abril e julho deste ano, com manifestações que deixaram 125 mortos.

Esta, no entanto, não é a primeira vez que um militar chefia a PDVSA. O general Guaicaipuro Lameda o fez entre outubro de 2000 e fevereiro de 2002, vindo posteriormente a se tornar opositor de Chávez.

Além dos problemas financeiros e estruturais, a PDVSA, que chegou a aparecer entre as maiores petroleiras do mundo, sofre com o flagelo da corrupção. A Justiça investiga vários casos.

Há uma semana, autoridades detiveram seis altos diretores da Citgo, sua filial nos Estados Unidos, acusados de assinar contratos "leoninos" para refinanciar a dívida por US$ 4 bilhões, colocando a subsidiária como garantia.

Segundo o governo, no meio havia uma propina de 50 milhões de dólares.

Washington pediu para ter acesso a cinco dos capturados com nacionalidade venezuelana e americana, revelou Maduro neste domingo.

"Que coincidência! (...) Não lhes parece estranho o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos (Lee McClenny) desesperado por defender esses bandidos?", questionou o presidente.

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