Lula: realidade obrigará EUA a importarem nosso etanol
Tarifa cobrada pela entrada do produto brasileiro nos EUA está prevista para acabar no final do ano, mas pode ser prorrogada
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.
Barra Bonita, São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a provocar os Estados Unidos ao cobrar o fim da tarifa de US$ 0,54 por galão do etanol exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano. "A realidade vai obrigá-los, em qualquer momento, a ter de abrir para importar o álcool nosso", disse Lula, durante cerimônia de inauguração de oito usinas termelétricas à biomassa de cana-de-açúcar, em Barra Bonita (interior de SP).
A tarifa está prevista para ser extinta em 31 de dezembro deste ano, mas no Congresso dos Estados Unidos um projeto é avaliado para que a taxação seja mantida.
Lula ironizou o uso do milho para a produção do álcool nos Estados Unidos, considerado bem menos eficiente que a cana-de-açúcar utilizada no Brasil. "Milho a gente dá para galinha para comer e para a galinha poedeira botar uns ovinhos; mas não pode dar muito milho para bode, porque ele estufa e morre", brincou o presidente, arrancando risos da plateia.
De acordo com Lula, a ampliação dos mercados norte-americano e europeu para o etanol brasileiro vai expandir o parque de usinas no País e vai criar mais emprego para o setor. No entanto, o presidente voltou a cobrar a requalificação do cortador de cana-de-açúcar, para que o emprego gerado no setor seja menos penoso e mais qualificado, diante do avanço da colheita mecanizada.
"Vamos ter de criar outro tipo de serviços para vocês e não para o corte, que é desumano. Temos de dar condições para aprender outra profissão, em outra atividade e também não vamos precisar mais queimar cana, porque do ponto de vista ambiental não é correto e a palha será utilizada para energia elétrica", defendeu Lula, dirigindo-se a um grupo de cortadores de cana da Usina da Barra, onde ocorreu o evento.
O presidente considerou "um marco para o governo, para empresários e para o setor de energia" a série de inaugurações de térmicas à biomassa ocorrida hoje. As oito unidades, todas em São Paulo, acrescentam 543 megawatts (MW) de energia alternativa ao sistema. Foram investidos, com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 900,4 milhões, dos quais R$ 853 milhões até 31 de dezembro deste ano.
"A parceria construída entre empresários e o BNDES permitiu comemorar o fortalecimento da bioenergia da biomassa", afirmou. Lula citou ainda que em sete anos e oito meses do seu governo a potência instalada no País foi ampliada em 28,4 mil MW, 4 mil MW dos quais em biomassa. "O que era estorvo, agora está virando energia elétrica para acender a luz, (fazer funcionar) a geladeira para a gente tomar, no domingo, uma cervejinha gelada" brincou.
Lula ainda elogiou os empresários do setor sucroalcooleiro, um dos setores que mais recebeu apoio do governo federal em seus dois mandatos, e disse que os incentivos irão continuar. "Da parte do governo federal vamos continuar a fazer todo o incentivo, porque nós no Brasil não apenas falamos em um mundo menos poluído, mas cumprimos a nossa parte", disse. "Quando alguém quiser utilizar a palavra energia limpa, tem de olhar para o mapa e ver que aqui a gente não fala, mas faz a energia mais limpa do planeta", concluiu.
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