Lojas que vendem maconha no Canadá ficam sem estoque
Maioria dos consumidores estava contente com o fim da proibição, mas alguns expressaram desapontamento por não conseguir comprar no 1º dia
AFP
Publicado em 18 de outubro de 2018 às 19h02.
O segundo dia da legalização do uso recreativo da maconha no Canadá, nesta quinta-feira (18), teve longas filas fora das lojas que vendem o produto, sentindo a falta de estoque em partes do país.
A maioria dos consumidores estava contente com o fim da proibição, mas alguns expressaram desapontamento por não conseguir comprar maconha no primeiro dia.
Outros se recusaram a pagar os preços relativamente altos - variando entre 5,25 dólares canadenses em Quebec a 18,99 dólares canadenses em Saskatchewan por grama -, em comparação com o mercado negro, que viu o preço médio cair no ano passado para 6,79 dólares canadenses por grama.
Depois de esperar sete horas na fila em uma loja no centro de Montreal na quarta-feira, Alexandre, de 30 anos, disse que teve que ir embora às 21h (22h de Brasília), horário de fechamento do estabelecimento. A polícia interveio para dispersar a multidão, mas não houve registro de incidentes.
"Foi um inferno, estava frio", contou Alexandre. "Mas nos divertimos mesmo assim, conversando com as pessoas e compartilhando casos".
E ele estava de volta na manhã desta quinta-feira para tentar mais uma vez.
"Ontem foi o dia que todo mundo estava esperando, mas acho que aos poucos a fila irá diminuir", afirmou.
Em Ontário, província mais populosa do Canadá, 38.000 encomendas de maconha no valor de 750.000 dólares canadenses foram processadas nas primeiras horas de quarta-feira, enquanto na vizinha Quebec, 42.000 pedidos foram feitos em lojas físicas e on-line, superando todas as expectativas.
"Esse volume de pedidos excede em muito as previsões", declarou um vendedor de Quebec, dizendo que seria "difícil antecipar o volume das vendas por conta da falta de dados de um setor que há 48 horas era ilegal".
Um comunicado acrescentou que a falta de oferta em curto prazo é esperada devido à "expectativa em torno da legalização da cannabis e da escassez do produto em todo o Canadá".
Na quarta-feira, o Canadá se tornou a primeira grande economia do mundo, e apenas o segundo país do planeta, depois do Uruguai, a legalizar o uso recreativo da maconha e embarcar no polêmico experimento na questão da política das drogas.
O primeiro-ministro liberal, Justin Trudeau , defendeu a legalização, cumprindo uma promessa de campanha de 2015, com o objetivo de proteger os jovens e de acabar com o tráfico de drogas.