TRUMP E A CARRIER: o novo governo adota uma expansão da política corporativa do tipo que não se vê desde as economias fascistas da Alemanha e Itália da década de 30 / Mike Segar/Reuters
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 17h49.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h02.
O lobby de Trump
A fabricante americana de ar-condicionado Carrier afirmou que, após “ter chegado a um acordo” com o presidente eleito, Donald Trump, não vai mais deslocar para o México 1.400 postos de trabalho de sua unidade em Indiana — estado do vice de Trump, Mike Pence. Os termos do acordo não são conhecidos. “Grande dia para Indiana e para os ótimos trabalhadores desse maravilhoso estado. Vamos manter nossas empresas e empregos nos Estados Unidos. Obrigada, Carrier”, disse Trump no Twitter. O republicano já ameaçou tributar em 35% os produtos das empresas que deixarem o país.
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Hollande fora
O presidente francês, François Hollande, do Partido Socialista, afirmou que não vai concorrer à reeleição em 2017. Pesquisas mostravam que Hollande não tinha apoio suficiente para chegar ao segundo turno contra o candidato de centro-direita, François Fillon, e a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, da Frente Nacional. Hollande afirmou que desistiu por estar “ciente do risco” que significaria, para o partido, concorrer “sem apoio suficiente”. A abstenção abre caminho para que outro candidato de esquerda desponte na disputa contra Le Pen e Fillon.
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Mais sanções contra o Irã
O Senado americano aprovou a renovação, por mais dez anos, de um pacote de sanções contra o Irã — conhecido como ISA. A medida, que expiraria em 31 de dezembro se não fosse renovada, venceu por unanimidade no Congresso e agora precisa ser sancionada pelo presidente Barack Obama. Embora seja contra a renovação, Obama também não se opôs fortemente a ela. Segundo um porta-voz, a Casa Branca não avalia que as sanções sejam “necessárias”, mas também não acredita que elas possam piorar a relação com o Irã ou que violem o acordo nuclear entre estadunidenses e iranianos — ao qual o próximo presidente, Donald Trump, se opõe fortemente.
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Putin: pronto para cooperar com os EUA
Em seu tradicional pronunciamento anual sobre o Estado da Nação, no Kremlin, o presidente russo, Vladimir Putin, suavizou o discurso sobre os Estados Unidos, já dando sinais de como a relação entre os dois países poderá mudar com o governo Trump. “Nós estamos prontos para cooperar com a nova administração americana. É importante normalizarmos e começarmos a desenvolver nossas relações bilaterais numa base igualitária que nos beneficie mutuamente”, afirmou Putin. O presidente russo disse ainda que ele conta com os EUA na “batalha contra a ameaça do terrorismo internacional” e que os dois países possuem uma “responsabilidade conjunta” para garantir a segurança internacional.
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Enquanto isso… em Alepo
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que Moscou continuará com suas operações militares no cerco de Alepo até a cidade estar “livre de terroristas”. Lavrov falou numa conferência de imprensa durante sua estada na Turquia. O país tem servido de base para negociações entre oficiais russos e grupos rebeldes sírios sobre o destino do lado oriental de Alepo, conforme as reservas de alimentos estão à beira de zerar. As discussões vêm acontecendo em Ankara há uma semana para chegar a um acordo de cessar-fogo e abrir corredores para ajuda humanitária. Nesta semana, as forças do governo sírio, apoiadas pela Rússia, tomaram todos os bairros no norte de Alepo, provocando a fuga de civis, e a França solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.
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Enfim, paz na Colômbia
Depois do senado, foi a vez da Câmara colombiana referendar o novo acordo de paz entre o governo e as Farc, assinado em 24 de setembro. Com 130 votos a favor, o plenário da Casa aprovou um texto revisado que acatou alguns pontos sugeridos pela oposição, mas que a campanha do “não”, liderada pelo ex-presidente Álvaro Uribe, ainda não considera satisfatório. Deputados da oposição deixaram a Câmara antes do início da votação. O acordo, principal bandeira do presidente Juan Manuel Santos e que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz, encerra 52 anos de conflito armado entre o governo e as Farc.
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Um adeus para a Venezuela
Terminou nesta quinta-feira 1º de dezembro o prazo estabelecido pelos países fundadores do Mercosul para que a Venezuela cumprisse todas as obrigações que assumiu quando entrou no bloco em 2012. Nos últimos meses, o governo de Nicolás Maduro informou os outros países do Mercosul que não poderia incorporar 133 obrigações por “razões técnicas”. Com isso, o país deve ser suspenso do bloco ainda hoje — o prazo já havia sido estendido de agosto para dezembro. Brasil, Argentina e Paraguai concordam que a punição adequada é a suspensão da Venezuela, mas o presidente uruguaio, Tabaré Vásquez, defendeu recentemente que Caracas deveria perder apenas seu direito de voto. Um dos acordos que a Venezuela não cumpriu é o Protocolo de Assunção, que estabelece a promoção e a proteção dos direitos humanos.