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Líderes do G20 mergulham na crise síria

Líderes dos países do G20 mergulharam na crise síria, abordada de maneira oficial durante um jantar de gala, mas não chegaram a um acordo

Abertura do G20:  jantar foi uma oportunidade de abordar a crise síria, que gera fortes tensões diplomáticas (Pablo Martinez Monsivais/AFP)

Abertura do G20: jantar foi uma oportunidade de abordar a crise síria, que gera fortes tensões diplomáticas (Pablo Martinez Monsivais/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2013 às 08h35.

São Petersburgo - Os líderes dos países do G20 mergulharam na crise síria, abordada de maneira oficial durante um jantar de gala na noite desta quinta-feira em São Petersburgo, mas não chegaram a um acordo, segundo o chefe de governo italiano, Enrico Letta.

Após o jantar, Letta anunciou em sua conta no Twitter que as divisões sobre a Síria foram confirmadas.

"Concluída agora a sessão (do G20), onde foi confirmada a divisão sobre a Síria" entre as principais potências mundiais, escreveu Letta em um tuíte.

O presidente americano, Barack Obama, chegou sozinho ao jantar protocolar no suntuoso Palácio de Peterhof.

Este jantar foi uma oportunidade de abordar a crise síria, que gera fortes tensões diplomáticas entre os Estados Unidos, que defendem uma intervenção armada contra a Síria, e a Rússia, maior aliada do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou durante o jantar que "cada dia que passa é mais um dia de morte de inocentes". "Fornecer armas a um ou outro lado não é a resposta. Não há solução militar" para o conflito na Síria.

"Uma solução política é o único meio de se evitar um banho de sangue", afirmou Ban Ki-moon.

Na abertura oficial da cúpula, nesta quinta à tarde, no Palácio de Constantino, Putin propôs que a guerra fosse abordada no jantar de trabalho do G20, momento em normalmente dedicado a questões econômicas.

Nos últimos dias, os atritos entre Estados Unidos e Rússia têm aumentado, com ameaças de escalada militar e um bate-boca diplomático, apesar da cordialidade protocolar do aperto de mão oficial entre Obama e o presidente russo, Vladimir Putin, em São Petersburgo.


Nesta quinta, três navios de guerra russos cruzaram o estreito turco de Bósforo para se posicionarem na costa síria.

A embaixadora americana na ONU, Samantha Power, acusou a Rússia de manter o Conselho de Segurança "refém" na crise síria com seus vetos, junto com a China.

Em São Petersburgo, durante um encontro com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, Obama declarou nesta quinta-feira que os líderes mundiais reunidos deveriam "admitir que a utilização de armas químicas na Síria não é apenas uma tragédia, mas também uma violação do direito internacional que deve ser regulada".

O presidente francês, François Hollande, que também apoia uma ação armada, se reuniu principalmente com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, também favorável à opção militar. Segundo a imprensa turca, as forças do país aumentaram a sua presença na fronteira com a Síria.

Ao lado da Rússia nos bloqueios a iniciativas mais fortes do Conselho de Segurança, a China indicou nesta quinta que "a situação atual mostra que a solução política é o único caminho" possível para resolver a crise.

A tensão aumenta à medida que se aproxima o dia 9 de setembro, data oficial da volta de recesso dos parlamentares americanos que serão convocados a debater e se pronunciar em relação a ataques americanos.

No mesmo dia 9 de setembro, o chefe da diplomacia síria, Walid Mouallem irá a Moscou para "examinar totalmente todos os aspectos da situação atual", segundo a Rússia.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou ter novas provas da utilização de armas químicas na Síria.

"Nós examinamos no laboratório de Porton Down, na Inglaterra, amostras obtidas em Damasco que mostram novamente o uso de armas químicas no subúrbio de Damasco", declarou nesta quinta-feira à BBC David Cameron, em São Petersburgo.


Mas Obama só pode contar até agora com a França na Europa.

A Alemanha acredita que "esta guerra deve acabar e isso tem que ser feito politicamente", segundo a chanceler Angela Merkel, que assegurou que "a Alemanha não vai se associar a uma ação militar".

Pouco antes do jantar, os representantes dos cinco países europeus presentes (França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha) se reuniram com os da UE para tentar encontrar uma posição comum, segundo uma fonte francesa.

Em meio a um contexto de tensão, a ONU e o Vaticano atuam em favor da paz.

A organização internacional anunciou a chegada à Rússia de seu enviado especial, Lakhdar Brahimi, para que ajude o secretário-geral, Ban Ki-moon, a promover a conferência internacional para a Síria, chamada de Genebra-2.

"Uma solução política é o único meio de evitar um banho de sangue", declarou Ban Ki-moon em um comunicado. Ele se reuniu rapidamente antes do jantar com Barack Obama.

A Igreja Católica também se mobiliza, de uma forma inédita desde a sua campanha contra a guerra do Iraque em 2003. O papa Francisco enviou uma carta endereçada a Vladimir Putin, na qual convocou os embaixadores do mundo inteiro.

Em sua carta dirigida a Putin, em sua qualidade de presidente do G20, que se reúne nesta quinta e na sexta-feira em São Petersburgo, o Papa fala da situação econômica e social no mundo, condena as "matanças inúteis" no Oriente Médio e faz um apelo contra qualquer tipo de solução armada na Síria, segundo indicou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

No terreno, a chefe de operações humanitárias das Nações Unidas, Valerie Amos, chegou nesta quinta-feira a Damasco para se reunir com autoridades sírios.

A oeste de Damasco, quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas na explosão de um carro-bomba.

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