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Líder dos conservadores da Suécia começa a formar novo governo

A atual primeira-ministra, a social-democrata Magdalena Andersson, apresentou nesta quinta-feira seu pedido de renúncia, mas se mostrou aberta a colaborar com os conservadores

Ulf Kristersson, líder do conservador Partido Moderado, começa a formar novo governo (AFP/AFP Photo)

Ulf Kristersson, líder do conservador Partido Moderado, começa a formar novo governo (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 15 de setembro de 2022 às 09h10.

O líder dos conservadores da Suécia, Ulf Kristersson, começa a trabalhar nesta quinta-feira para formar um governo após a vitória eleitoral apertada de sua coalizão, que inclui a extrema-direita.

"Começo agora a trabalhar para formar um governo novo e eficaz", declarou o líder político na quarta-feira à noite, após o anúncio do resultado oficial das eleições, que significam o fim de oito anos de governo de esquerda.

"Agora vamos colocar ordem na Suécia", completou Kristersson, líder do Partido Moderado.

Com 176 cadeiras no Parlamento, 73 delas do partido de extrema-direita Democratas da Suécia (SD), o bloco de direita de quatro partidos ficou levemente à frente da esquerda, com 173 representantes, de acordo com a apuração de 99,9% das urnas.

A eleição de domingo passado foi tão disputada que os suecos precisaram aguardar até quarta-feira para conhecer os resultados.

A atual primeira-ministra, a social-democrata Magdalena Andersson, apresentou nesta quinta-feira seu pedido de renúncia, mas se mostrou aberta a colaborar com os conservadores em caso de fracasso na formação de uma maioria com a extrema-direita.

Com ou sem a extrema-direita?

A mudança é histórica: nunca antes um governo sueco teve como base de apoio a bancada do SD, o grande vencedor das eleições com 20,5% dos votos, que transformaram o partido no segundo mais votado do país, atrás apenas dos social-democratas.

Apesar de o SD ter o maior número de deputados na coalizão de direita, o partido não está em condições de reivindicar o cargo de primeiro-ministro, prometido a Kristersson, porque as três formações da direita tradicional (Moderados, Democratas-Cristãos e Liberais) têm uma visão negativa da participação do Democratas da Suécia no governo.

Kristersson, ex-ginasta, precisará de uma estratégia elaborada para completar e manter a união das três direitas: liberal, conservadora e nacionalista. Foi ele que vislumbrou pela primeira vez, no fim de 2019, um cenário de colaboração entre a direita e o SD.

"O processo vai durar o tempo necessário", disse Jimmie Åkesson, presidente do SD, ao prometer que será "uma força construtiva e de iniciativa".

O cenário mais provável, segundo os analistas, é que o SD apoie o governo no Parlamento sem integrar diretamente o Executivo.

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"Muita gente esperava uma mudança"

Criado em 1988 e herdeiro de um grupo neonazista, o partido de extrema-direita conquistou espaço no panorama político sueco: entrou para o Parlamento em 2010 com 5,7% dos votos e cresceu a cada eleição, com um pano de fundo de elevada imigração e problemas com a violência no país.

Alguns estão receosos. "A alternância de poder é algo bom. Mas estou inquieto que os partidos de direita estejam mais abertos a colaborar com o SD e como isto vai afetar a política", disse Ninnie Tägtström, uma estudante em Estocolmo.

Alex Lundström, psicólogo, considera que "há muitas grandes questões em nossa sociedade que não foram levadas em consideração corretamente e penso que muita gente esperava uma mudança".

"Mesmo que esta mudança signifique virar para a direita e para a extrema-direita dos Democratas da Suécia", acrescenta.

A campanha foi dominada por temas favoráveis à direita: criminalidade e acerto de contas fatais entre gangues com imigrantes, integração e aumento dos preços da energia elétrica.

"É um triste sinal de nosso tempo que possam aproveitar o medo das pessoas", lamentou Larry Nilsson, um aposentado de Malmö (sul).

"Apenas 1% ou 2% da população sofre (a violência do crime), a maioria tem uma vida muito segura. Como podem vencer uma eleição com este tema?", questiona.

O triunfo de uma aliança da direita com a extrema-direita acontece menos de duas semanas antes das eleições na Itália, onde uma coalizão que reúne o 'Fratelli d'Italia' (extrema-direita pós-fascista), o 'Forza Italia' de Silvio Berlusconi (direita liberal) e a Liga Italiana (direita anti-imigração) aparece como favorita.

O SD terá 73 deputados, 11 a mais que em 2018. Os Moderados terão 68 (-2), os democratas-cristãos 19 (-3) e os liberais 16 (-4).

Na esquerda, os social-democratas chegaram a 107 cadeiras (+7), enquanto os partidos Esquerda e Centro terão 24 representantes cada e os Verdes 18.

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