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Juros da dívida lusa sobem mais com corte da Moody's a bancos

A agência classificou os bancos lusos como ativos lixo

Os recordes históricos da atual escalada da dívida lusa, são consequências, segundo os analistas, dos rebaixamentos (Marcel Salim/EXAME.com)

Os recordes históricos da atual escalada da dívida lusa, são consequências, segundo os analistas, dos rebaixamentos (Marcel Salim/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2011 às 12h11.

Lisboa - Os juros da dívida de Portugal estão outra vez em alta com o novo corte de solvência anunciado nesta quinta-feira pela agência Moody's, desta vez da dívida com garantia estatal de quatro bancos lusos, que como a nota do país, são considerados ativos lixo.

No caso do juro do bônus luso para dez anos, que serve de referência no mercado e na quarta-feira ultrapassou pela primeira vez os 1 mil pontos básicos de diferença do alemão, ganhava no meio da sessão desta quinta-feira 0,03%, situando-se nos 13,3%.

Os recordes históricos da atual escalada da dívida lusa, que para dois anos ultrapassou nesta quinta-feira os 20%, são consequência, segundo os analistas, dos rebaixamentos de solvência financeira decididas pela classificadora americana.

A Moody's rebaixou nesta quinta-feira a nota da dívida garantida pelo Estado do Banco Comercial Português (BCP), do Banco Internacional do Funchal (Banif), do Banco Espírito Santo (BES), e da maior entidade financeira lusa, a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD).

O corte aconteceu pouco mais de 24 horas depois que a mesma agência diminuiu em quatro níveis a qualificação do Estado português pelo "crescente risco" de descumprir a redução prevista de seu déficit e ser obrigado a pedir mais ajuda internacional.

As emissões de dívida garantida do BCP e Banif sofreram um corte de quatro degraus, até "Ba2", mesmo nível do Estado e ficaram em perspectiva negativa. A solvência dos mesmos ativos da CGD e do BES foi rebaixada em três níveis, até "Ba1", também uma qualificação de ativo lixo, e, mesmo estando um degrau acima da nota do país, ficaram sob vigilância para outro possível descenso.

Entre os grandes bancos lusos, os únicos que não estão incluídos na decisão da Moody's são o Banco Português de Investimento (BIS) e o Santander Totta, propriedade da entidade espanhola, que não têm emissões de dívida com garantia estatal, segundo fontes do mercado.

Diante dos insustentáveis juros aplicados pelo mercado, a maioria das entidades lusas teve que emitir dívida com a garantia do Estado, ainda que este conte com fundos do resgate de 78 bilhões de euros negociado em abril com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para respaldar os bancos.

O BIS, que não recorreu a essa medida, viu nesta quinta-feira como suas ações registravam à meia sessão uma alta superior a 3,4%, após as quedas de 5% e 6 % que sofreram na quarta-feira os títulos de entidades financeiras lusas em um dia negro no qual o principal índice de referência do mercado português, o PSI-20, perdeu mais de 3%.

Embora a bolsa tenha conseguido se manter positiva nesta quinta-feira, o aumento dos juros do bônus luso marcou a maior desconfiança dos mercados em relação à economia portuguesa que, com a decisão da Moody's, passa a um nível de solvência proibitivo para muitos investimentos e créditos.

O rebaixamento da nota do Estado português impediu o Tesouro luso de colocar os bilhões de euros previstos em bônus a um vencimento de apenas três meses, e teve que subir ligeiramente os juros até 4,92%, para vender 848 milhões.

O corte da Moody's gerou numerosas reações de empresários e políticos lusos, que o consideraram uma medida injustificada. O novo Executivo conservador de Portugal, surpreendido e contrariado pelo rebaixamento de nota, realiza nesta quinta-feira um conselho de ministros dominado por essa medida, que aperta ainda mais o cerco financeiro ao país.

A coalizão conservadora que governa Portugal, após derrotar os socialistas nas eleições antecipadas de junho, transformou em sua principal prioridade os compromissos assinados em abril com a UE e o FMI em troca de um resgate financeiro de 78 bilhões de euros.

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