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Jornalista do Watergate acusa Casa Branca de ameaças

As ameaças seriam pela publicação de um artigo sobre a origem da imposição dos cortes automáticos ao gasto público

Casa Branca: fontes da Casa Branca negaram categoricamente que as palavras de Sperling fossem uma ameaça. (Sara Moses/Stock.xchng)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Washington - Bob Woodward, um dos jornalistas que revelou o caso Watergate, afirmou nesta quinta-feira que um alto funcionário da Casa Branca o ameaçou pela publicação de um artigo sobre a origem da imposição dos cortes automáticos ao gasto público, algo que a Casa Branca nega taxativamente.

Woodward, que trocou e-mails com o assessor de economia da Casa Branca, Gene Sperling, assegurou hoje em várias entrevistas que o funcionário reagiu de maneira irada quando o jornalista lhe comunicou que iria escrever um artigo crítico à Administração de Barack Obama sobre como "manipulou" o tema dos cortes.

A troca de e-mails foi revelada hoje com exclusividade pelo jornal "Politico" e reflete o choque de opiniões entre ambos, embora Sperling, em sua carta, peça desculpas a Woodward reiteradamente por ter "levantado a voz" em uma conversa telefônica anterior.

No entanto, o assessor adverte Woodward que "lamentaria" a publicação desse artigo, uma expressão que o jornalista considerou como uma ameaça.

"Já me deparei com muita gente assim", disse o jornalista, de reconhecida reputação após ter descoberto, junto com seu colega Carl Berstein, o caso Watergate, que custou a presidência a Richard Nixon (1969-1974).

"Mas suponhamos que há um jovem repórter que só tem um par de anos, ou dez, de experiência e a Casa Branca lhe envia um e-mail dizendo: "Você vai se arrepender disto"", argumentou Woodward.

"O sujeito começará a tremer. Não acho que essa seja a maneira de proceder", ressaltou.

No entanto, fontes da Casa Branca negaram categoricamente que as palavras de Sperling fossem uma ameaça.


O porta-voz da residência oficial, Jay Carney, insistiu hoje, durante sua entrevista coletiva diária, que claramente o tom de Sterling era "amigável" e não pretendia fazer "nenhum tipo de ameaça".

"Tenho um enorme respeito pelo trabalho pelo qual Bob Woodward é famoso. Acho que muitos de nós provavelmente nos introduzimos nisto (jornalismo), em parte, porque lemos seus livros", comentou Carney.

"Mas tivemos um desacordo objetivo porque o presidente foi muito claro, desde o princípio, que impulsionaria uma redução do déficit equilibrada", continuou, fazendo referência ao fato de a Casa Branca está em desacordo com a execução dos cortes.

Em seu artigo, Woodward garante que o presidente Obama respaldou a ideia dos cortes automáticos em 2011 e que, além disso, veio do já novo secretário do Tesouro, Jack Lew, que então era seu chefe de Gabinete.

"Minha extensa reportagem para meu livro "O Preço da Política" mostra que os cortes automáticos à despesa foram iniciados pela Casa Branca e foram uma maravilhosa ideia de Lew e do chefe de relações com o Congresso, Rob Nabors, provavelmente os maiores especialistas do Governo Federal em assuntos de orçamento", diz o texto.

Por uma decisão do Congresso adotada em 2011, se não houver um acordo de longo alcance sobre a redução do déficit público, no dia 1º de março entrarão em vigor cortes automáticos da despesa no valor de mais de US$ 85 bilhões, ideia que segundo Woodward saiu da Casa Branca.


Sterling explica ao jornalista em seu e-mail que a ideia sobre marcar uma data aos cortes à despesa era forçar às duas partes (republicanos e democratas) a negociá-lo e ceder por parte de ambos em um novo acordo sobre como conduzir tanto as despesas como as receita do Governo.

O presidente americano percorreu o país nas últimas semanas para advertir das "más consequências" que representaria a execução da redução da despesa, algo que os economistas calculam que poderia diminuir em 0,6% o crescimento dos EUA.

Woodward monopolizou a atenção a menos de 24 horas que vença o prazo para evitar os cortes com o polêmico enfrentamento com Sperling.

A maioria dos comentários nas redes sociais são muito críticos com ele e a maioria não vê indícios de ameaça nas palavras do assessor de Obama.

O Governo tentou resistir às acusações dos republicanos que os cortes à despesa foram propostos por funcionários da Administração Obama, como assegura o famoso jornalista.

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Woodward, que trocou e-mails com o assessor de economia da Casa Branca, Gene Sperling, assegurou hoje em várias entrevistas que o funcionário reagiu de maneira irada quando o jornalista lhe comunicou que iria escrever um artigo crítico à Administração de Barack Obama sobre como "manipulou" o tema dos cortes.

A troca de e-mails foi revelada hoje com exclusividade pelo jornal "Politico" e reflete o choque de opiniões entre ambos, embora Sperling, em sua carta, peça desculpas a Woodward reiteradamente por ter "levantado a voz" em uma conversa telefônica anterior.

No entanto, o assessor adverte Woodward que "lamentaria" a publicação desse artigo, uma expressão que o jornalista considerou como uma ameaça.

"Já me deparei com muita gente assim", disse o jornalista, de reconhecida reputação após ter descoberto, junto com seu colega Carl Berstein, o caso Watergate, que custou a presidência a Richard Nixon (1969-1974).

"Mas suponhamos que há um jovem repórter que só tem um par de anos, ou dez, de experiência e a Casa Branca lhe envia um e-mail dizendo: "Você vai se arrepender disto"", argumentou Woodward.

"O sujeito começará a tremer. Não acho que essa seja a maneira de proceder", ressaltou.

No entanto, fontes da Casa Branca negaram categoricamente que as palavras de Sperling fossem uma ameaça.


O porta-voz da residência oficial, Jay Carney, insistiu hoje, durante sua entrevista coletiva diária, que claramente o tom de Sterling era "amigável" e não pretendia fazer "nenhum tipo de ameaça".

"Tenho um enorme respeito pelo trabalho pelo qual Bob Woodward é famoso. Acho que muitos de nós provavelmente nos introduzimos nisto (jornalismo), em parte, porque lemos seus livros", comentou Carney.

"Mas tivemos um desacordo objetivo porque o presidente foi muito claro, desde o princípio, que impulsionaria uma redução do déficit equilibrada", continuou, fazendo referência ao fato de a Casa Branca está em desacordo com a execução dos cortes.

Em seu artigo, Woodward garante que o presidente Obama respaldou a ideia dos cortes automáticos em 2011 e que, além disso, veio do já novo secretário do Tesouro, Jack Lew, que então era seu chefe de Gabinete.

"Minha extensa reportagem para meu livro "O Preço da Política" mostra que os cortes automáticos à despesa foram iniciados pela Casa Branca e foram uma maravilhosa ideia de Lew e do chefe de relações com o Congresso, Rob Nabors, provavelmente os maiores especialistas do Governo Federal em assuntos de orçamento", diz o texto.

Por uma decisão do Congresso adotada em 2011, se não houver um acordo de longo alcance sobre a redução do déficit público, no dia 1º de março entrarão em vigor cortes automáticos da despesa no valor de mais de US$ 85 bilhões, ideia que segundo Woodward saiu da Casa Branca.


Sterling explica ao jornalista em seu e-mail que a ideia sobre marcar uma data aos cortes à despesa era forçar às duas partes (republicanos e democratas) a negociá-lo e ceder por parte de ambos em um novo acordo sobre como conduzir tanto as despesas como as receita do Governo.

O presidente americano percorreu o país nas últimas semanas para advertir das "más consequências" que representaria a execução da redução da despesa, algo que os economistas calculam que poderia diminuir em 0,6% o crescimento dos EUA.

Woodward monopolizou a atenção a menos de 24 horas que vença o prazo para evitar os cortes com o polêmico enfrentamento com Sperling.

A maioria dos comentários nas redes sociais são muito críticos com ele e a maioria não vê indícios de ameaça nas palavras do assessor de Obama.

O Governo tentou resistir às acusações dos republicanos que os cortes à despesa foram propostos por funcionários da Administração Obama, como assegura o famoso jornalista.

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