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Itália quer evitar compra de empresas por estrangeiros

Governo anunciou medidas para proteger empresas nacionais logo após o grupo francês Lactalis anunciar a compra de 29% da Parmalat

Fábrica da Parmalat: governo tenta evitar que empresa passe ao controle estrangeiro (Alexandre Battibugli/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2011 às 17h02.

Milão - O governo italiano contra-atacou nesta quarta-feira, ao anunciar uma série de medidas para defender suas joias econômicas, entre elas o grupo Parmalat, que esta semana cedeu uma parte ao gigante francês Lactalis.

Um dia depois de a Lactalis ficar com 29% do capital da Parmalat, após adquirir 15,3% dos fundos internacionais Zenit, Skagen e Mackenzie, o governo conservador de Silvio Berlusconi divulgou um decreto autorizando as empresas a adiarem, até junho, a convocação de assembleias gerais.

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Com a medida, a Parmalat pode adiar sua assembleia, convocada para 12 e 14 de abril e ganhar tempo para formar aliança com investidores italianos para frear o avanço da Lactalis.

Com 29% da Parmalat, a célebre empresa francesa de laticínios converteu-se no seu maior acionista, pelo que aspira a ter mais peso na formação do novo conselho de administração.

A "tomada" da Parmalat despertou surpresa e agitação no mundo empresarial italiano, que teme a perda de famosos emblemas do Made in Italy, entre eles a histórica joalheria Bulgari, adquirida pela marca de luxo francesa LVMH.

Também a empresa francesa de energia EDF está interessada no controle da italiana Edison.

O ministro da Economia italiano, Giulio Tremonti, anunciou nesta quarta-feira estar estudando outras medidas e prevê consultar as autoridades europeias sobre o assunto.

A Itália se inspira justamente na legislação francesa para proteger os setores agroalimentar, de defesa, telecomunicações e energia que exigem a aprovação do governo para o lançamento de Oferta Pública de Compra por parte de grupos estrangeiros.

Com as novas medidas, o país espera recuperar seu poder na Parmalat.

O grupo italiano Ferrero, produtor da popular Nutella e Kinder, confirmou estar interessado em defender o caráter italiano da Parmalat desde que faça parte de um projeto industrial mais amplo.

As medidas do governo foram celebradas por alguns setores políticos, que defendem uma Parmalat italiana.

"Uma medida oportuna", qualificou Maurizio Fugatti da Liga Norte.

Para um dos expoentes do partido de oposição Itália dos Valores, Maurizio Zipponi, as medidas do governo não passam de uma tentativa de colocar "panos quentes" que não resolvem o problema básico: "a falta de uma política industrial, o que terminou por transformar a Itália em supermercado para grupos estrangeiros".

A Parmalat, que foi declarada insolvente em 2003, emprega atualmente 14.000 pessoas em 16 países, com 10% de seu volume de negócios vindos da América Latina.

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