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Irlanda quer cortejar a Europa com obediência fiscal

País tenta convencer seus parceiros europeus a lhe dar condições melhores sobre os empréstimos

Irlanda: pacote de resgate da UE e do FMI tem valor de 85 bilhões de euros  (Peter Muhly/AFP)

Irlanda: pacote de resgate da UE e do FMI tem valor de 85 bilhões de euros (Peter Muhly/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2011 às 17h33.

Dublin - O novo governo da Irlanda vai respeitar as metas orçamentárias definidas no pacote de resgate de 85 bilhões de euros da UE e do FMI, enquanto procura convencer seus parceiros europeus a lhe dar condições melhores sobre os empréstimos.

O futuro primeiro-ministro Enda Kenny está sendo fortemente pressionado a persuadir a Alemanha, principal financiadora da Europa, a reduzir a taxa de juros que Bruxelas está cobrando e dar mais templo a Dublin para reestruturar seus bancos antes de serem definidos os termos de um acordo europeu sobre a crise da dívida, o que deve ser feito em uma cúpula marcada para 24-25 de março.

O acordo de formação de uma coalizão entre o partido de centro-direita Fine Gael, de Kenny, e o Partido Trabalhista, de centro-esquerda, fechado pouco após a meia-noite e aprovado pelos dois partidos no domingo, parece visar agradar à fiscalmente a conservadora Alemanha e passar uma borracha sobre parte do discurso anti-UE que marcou a campanha.

"Precisamos reparar os laços com nosso parceiro europeu, para criar um entendimento sobre nossa posição," disse à emissora estatal RTE Brendan Howlin, um dos principais negociadores do Partido Trabalhista.

"É do interesse de todos, não apenas do interesse nacional da Irlanda mas também do interesse da Europa e da manutenção do euro, que tenhamos um caminho sustentável para sair do buraco econômico em que nos encontramos."

Fine Gael, que vai liderar o novo governo, persuadiu o Partido Trabalhista a abrir mão da reivindicação de mais um ano para a Irlanda controlar seu déficit orçamentário. O partido espera que a maior parte dos ajustes possam ser feitos por meio de cortes nos gastos.

O novo governo vai procurar reduzir o déficit atual, de quase 12 por cento do PIB, para menos do limite de 3 por cento permitido pela UE, até 2015. Esse prazo já foi aprovado por Bruxelas no ano passado, em meio a temores de que o crescimento fraco impeça Dublin de alcançar a data-alvo original de 2014.

Haverá uma nova pasta no gabinete para tratar dos gastos públicos e da reforma do setor público, e o ocupante desse cargo fará parte de um conselho econômico recém-criado, juntamente com o ministro financeiro e um ministro de cada um dos dois partidos.

"É uma nova estrutura do gabinete," disse Howlin. "A política econômica será determinada por esse conselho."
Uma fonte disse à Reuters que o porta-voz financeiro de Fine Gael, Michael Noonan, será o ministro financeiro do governo.

A fonte também disse que o trabalhista Pat Rabbitte provavelmente ganhará o novo cargo ministerial que cuidará do setor público.

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