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Iraquianos protestam em Bagdá e desafiam o governo

A manifestação foi convocada pelo influente clérigo xiita Moqtada Sadr para exigir um novo governo capaz de implementar as reformas prometidas no ano passado


	Protesto em Bagdá: um dia antes, o comando militar havia advertido os iraquianos sobre a participação nesta manifestação "não autorizada"
 (Alaa Al-Marjani / Reuters)

Protesto em Bagdá: um dia antes, o comando militar havia advertido os iraquianos sobre a participação nesta manifestação "não autorizada" (Alaa Al-Marjani / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2016 às 12h16.

Milhares de iraquianos protestaram nesta sexta-feira no coração de Bagdá, aumentando a pressão sobre o governo para realizar reformas para acabar com a corrupção, o nepotismo e o clientelismo.

Essa manifestação foi convocada pelo influente clérigo xiita Moqtada Sadr para exigir um novo governo de tecnocratas capaz de implementar as reformas prometidas no ano passado pelo primeiro-ministro Haider al-Abadi, mas nunca implementadas.

Moqtada Sadr fez uma breve aparição na manifestação na praça Tahrir, onde os manifestantes acenavam bandeiras e gritavam: "Sim, sim às reformas", "Não, não ao sectarismo", "Não, não à corrupção".

Um dia antes, o comando militar havia advertido os iraquianos sobre a participação nesta manifestação "não autorizada".

Pouco antes, o gabinete de Abadi pediu aos organizadores que suspendessem o protesto, argumentando que poderia distrair as forças de segurança e interromper a luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), que reivindicou muitos ataques sangrentos em Bagdá.

Em um comunicado lido em nome de Sadr após deixar a praça Tahrir, um de seus representantes pediu medidas, incluindo a demissão e julgamento de funcionários corruptos, o fim do sectarismo e do sistema de quotas utilizado por partidos políticos para dividir os cargos de responsabilidade, e a formação de um governo de tecnocratas.

'A corrupção está nos matando'

Depois da leitura da declaração, os manifestantes começaram a se dispersar pacificamente.

"Estamos cansados ​​da corrupção, a corrupção está nos matando", gritou Mohamed al-Daradji, cineasta e ativista, em um discurso.

"Essas pessoas que vieram depois de 2003 falharam, eles não fizeram nada", acrescentou, em referência aos políticos que chegaram ao poder depois da derrubada do regime de Saddam Hussein, na sequência da invasão americana do Iraque.

"Nós temos direitos e queremos reclamá-los", disse outro manifestante, Abu Moushtaq al-Awadi, solicitando que os políticos devolvam ao povo iraquiano o "dinheiro roubado".

Durante comícios anteriores, os manifestantes haviam invadido por duas vezes a Zona Verde de Bagdá, ocupando o Parlamento e o gabinete do primeiro-ministro. Em 20 de maio, dezenas de pessoas ficaram feridas em confrontos entre milícias armadas de Sadr e facções rivais.

As forças de segurança recorreram nos últimos meses ao uso de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, mas nesta sexta-feira os manifestantes foram bem orientados pelos organizadores.

Manifestantes orientados

Os manifestantes foram sistematicamente revistados ​​por policiais em postos de controle improvisados, enquanto uma cerca de arame farpado foi instalada para impedi-los de atravessar a ponte sobre o Tigre, que havia sido utilizada para forçar o caminho para a Zona Verde.

A estrada para a ponte também foi bloqueada por blocos de concreto.

Em quase todas as sexta-feiras nos últimos meses foram organizadas manifestações, excepto durante o mês de jejum muçulmano do Ramadã, que terminou na semana passada.

Abadi tenta há meses criar um novo governo capaz de implementar as reformas anti-corrupção, mas muitos partidos se opõem ao projeto por medo de perderem alguns dos seus privilégios.

Além da turbulência política, o país está mergulhado no caos em termos de segurança, com ataques particularmente violentos cometidos pelo EI. Em um deles, quase 300 pessoas morreram em 3 de julho em Bagdá, o mais mortífero em vários anos.

Apesar dos reveses nos últimos meses, a organização extremista ainda ocupa algumas regiões do Iraque, incluindo a segunda cidade do país, Mossul (norte), que o governo tenta retomar.

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