Mundo

Irã reduziu em 60% suas reservas totais de urânio enriquecido, diz AIEA

Nível é próximo aos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica, segundo a ONU

Irã: país prometeu que reativaria reservas de urânio e dispositivos estavam desconectados em junho de 2022 (Kiyoko Metzler e Anne Beade/AFP)

Irã: país prometeu que reativaria reservas de urânio e dispositivos estavam desconectados em junho de 2022 (Kiyoko Metzler e Anne Beade/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 4 de setembro de 2023 às 16h22.

O Irã reduziu suas reservas de urânio enriquecido nos últimos meses, segundo um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), consultado nesta segunda-feira, 4,pela AFP, que, no entanto, lamentou a falta de cooperação da República islâmica.

A organização da ONU indicou uma desaceleração da produção de urânio enriquecido a 60%, nível próximo aos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo em primeira mão. Inscreva-se no Telegram da Exame

A AFP também conseguiu consultar um segundo relatório confidencial, apresentado uma semana antes de uma reunião da Junta de Governadores em sua sede em Viena.

Há mais de dois anos, a AIEA trabalha para controlar o programa nuclear iraniano, que não deixa de ganhar força, mesmo que Teerã negue querer fabricar uma bomba atômica.

O diretor-geral, Rafael Grossi, lamentou que não houve "nenhum avanço" sobre a reinstalação de câmeras de vigilância, apesar de seus reiterados pedidos.

Em março, o Irã prometeu que reativaria os dispositivos, desconectados em junho de 2022, em plena deterioração das relações com as potências ocidentais.

Desde fevereiro de 2021, a AIEA está privada de um acesso "essencial" aos dados registrados pelas câmeras, uma situação com "consequências prejudiciais para a capacidade da organização de garantir o caráter pacífico do programa nuclear iraniano", considerou Grossi.

Acordo moribundo

O diretor também mostrou estar preocupado com "a ausência de avanços" sobre a presença de partículas de urânio nuclear em dois locais não declarados, Turquzabad e Varamin, e instou o Irã a cooperar "de maneira séria e sustentável".

No ano passado, esse ponto já bloqueou as negociações para reativar o acordo JCPOA de 2015, que deveria limitar as atividades nucleares do Irã em troca da suspensão das sanções internacionais.

Com essa discussão parada, Teerã segue violando os compromissos do pacto, desde que os Estados Unidos se retiraram do acordo em 2018 por decisão do ex-presidente Donald Trump.

Em 19 de agosto, a quantidade total de urânio enriquecido era de 3.795,5 quilos, uma diminuição de 949 quilos em comparação com o mês de maio, segundo a AIEA.

O valor segue sendo 18 vezes superior ao limite permitido pelo acordo de 2015. As reservas de urânio enriquecido em 60% sobem agora para 121,6 quilos, frente aos 114,1 quilos de maio, um aumento três vezes inferior ao registrado anteriormente.

"Isso não resolve a crise, porém a adia até que surja um espaço para a retomada de negociações substanciais", disse Ali Vaez, especialista em Irã da organização International Crisis Group.

O especialista considera "pouco provável que a próxima Junta de Governadores vote uma resolução crítica contra Teerã", já que tanto Irã como Estados Unidos "preferem preservar o status quo até o fim de 2024", depois das eleições americanas.

Acompanhe tudo sobre:AIEAIrãONU

Mais de Mundo

Exportações da China devem bater recorde antes de guerra comercial com EUA

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"