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Irã acusa Israel de atacar instalação nuclear e promete vingança

No domingo, a Organização de Energia Atômica do Irã (OIEA) anunciou que a central de enriquecimento de Natanz sofreu um "acidente" durante a manhã, classificado como ato "terrorista"

Foto de satélite divulgada pela Maxar Technologies em 28 de janeiro de 2020 mostra a central nuclear de Natanz, na região central do Irã (AFP/AFP)

Foto de satélite divulgada pela Maxar Technologies em 28 de janeiro de 2020 mostra a central nuclear de Natanz, na região central do Irã (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 12 de abril de 2021 às 08h47.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 14h14.

O Irã acusou nesta segunda-feira (12) Israel de estar por trás do ataque à central de enriquecimento de urânio de Natanz e prometeu "vingança", em um momento de esforços diplomáticos para conseguir que o acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear de Teerã retorne ao bom caminho.

Foi nesta central do complexo nuclear de Natanz, um dos pontos cruciais do programa atômico da República Islâmica, em que Teerã inaugurou e começou a testar no sábado novas cascatas (conjuntos interconectados) de centrífugas.

Estas máquinas oferecem ao Irã a possibilidade enriquecer urânio mais rapidamente, em quantidades com um grau de refinamento proibido pelo acordo de 2015.

No domingo, a Organização de Energia Atômica do Irã (OIEA) anunciou que a central de enriquecimento de Natanz, no centro do país, sofreu um "acidente" durante a manhã, classificado como ato "terrorista", que provocou um "corte de energia e não deixou nenhum morto, ferido ou contaminação".

"Ainda é muito cedo para determinar os danos materiais provocados pelo ataque", afirmou nesta segunda-feira o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Said Khatibzadeh. "Temos que inspecionar cada uma das centrífugas para avaliar os danos", completou.

"Com esta ação, o regime sionista tentou se vingar do povo iraniano pela paciência e a sabedoria que demonstrou no que diz respeito à suspensão das sanções", disse.

Desta maneira, Khatibzadeh acusou indiretamente Israel de tentar provocar o fracasso das negociações em curso em Viena para tentar fazer com que o governo dos Estados Unidos retorne ao acordo internacional de 2015, além de obter a suspensão das sanções que Washington voltou a instaurar contra Teerã.

A União Europeia (UE) afirmou que não aceita tentativas de obstruir as discussões com o Irã por sua política nuclear.

"Rejeitamos qualquer tentativa de minar ou provocar o descarrilamento das atividades diplomáticas em marcha", disse o porta-voz da diplomacia do bloco, Peter Stano, antes de afirmar que as circunstâncias do ocorrido em Natanz "devem ser esclarecidas de modo profundo".

Um pouco antes, Heiko Maas, chefe da diplomacia da Alemanha, um dos países signatários do acordo de 2015, afirmou nesta segunda-feira que os acontecimentos recentes "não são positivos" para as negociações em curso.

Armadilha

"Se (o ataque) tinha como objetivo limitar a capacidade nuclear do Irã, eu dira, ao contrário, que todas as centrífugas que (foram danificadas) eram do tipo IR-1", ou seja, de primeira geração, declarou Khatibzadeh.

"Que todo o mundo saiba que serão definitivamente substituídas por máquinas mais avançadas", completou, antes de prometer que "a resposta do Irã será a vingança contra o regime sionista no momento e local adequados".

De acordo com a agência estatal de notícias Irna, vários deputados afirmaram que o ministro iraniano das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, "ressaltou a necessidade de não cair na armadilha preparada pelos sionistas."

"Mas não permitiremos (que Israel prejudique as negociações de Viena) e vamos nos vingar dos sionistas por estas ações", teria declarado o ministro, segundo as mesmas fontes, durante uma reunião no Parlamento sobre o ataque de Natanz.

Durante a presidência de Donald Trump, o governo dos Estados Unidos denunciou unilateralmente em 2018 o acordo nuclear com o Irã, que havia sido assinado três anos antes, e restabeleceu as sanções americanas ao país.

Como represália, desde 2019 o Irã se afastou da maioria dos compromissos cruciais para limitar as atividades nucleares que assumiu no acordo assinado em Viena.

Joe Biden, que sucedeu Trump em janeiro, destacou a intenção de retornar ao acordo de 2015.

Atividades "pacíficas"

Teerã sempre negou a intenção de produzir uma bomba atômica e o presidente Hassan Rohani reiterou neste sábado que todas as atividades nucleares do país eram puramente "pacíficas".

No início de julho de 2020, uma fábrica de montagem de centrífugas aperfeiçoadas em Natanz foi gravemente danificada por uma explosão misteriosa.

As autoridades concluíram que foi uma "sabotagem de origem terrorista", mas não divulgaram os resultados da investigação. A agência oficial Irna advertiu Israel e Estados Unidos a respeito de qualquer ação hostil.

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