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Indicado para secretaria de Estado eleva tom contra Rússia e Cuba

No Senado americano, Tillerson pareceu tentar desmistificar sua história de laços próximos com o presidente russo, Vladimir Putin

Tillerson: ele advertiu que Washington não prestou contas a Havana pelo que considerou uma falta de compromisso com os direitos humanos em Cuba (Kevin Lamarque/Reuters)

Tillerson: ele advertiu que Washington não prestou contas a Havana pelo que considerou uma falta de compromisso com os direitos humanos em Cuba (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 17h40.

A Rússia é um "perigo" e Cuba não presta contas por sua "conduta" sobre os direitos humanos, declarou nesta quarta-feira Rex Tillerson, nomeado do presidente eleito para chefiar o Departamento de Estado, que adotou a linha-dura em sua audiência de confirmação no Congresso.

No segundo dia de audiências no Senado para avaliar as credenciais do gabinete escolhido por Trump, Tillerson pareceu tentar desmistificar sua história de laços próximos com o presidente russo, Vladimir Putin, e assegurar aos legisladores que manterá uma postura firme perante Moscou.

"Enquanto a Rússia busca respeito e relevância no cenário mundial, suas atividades recentes desrespeitaram os interesses americanos", disse Tillerson a senadores democratas e republicanos em uma abarrotada comissão de Assuntos Externos do Senado.

As declarações do ex-presidente da ExxonMobil coincidem com um aumento das tensões com a Rússia pela ingerência de Moscou nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, e - desde a terça-feira - por revelações nos meios, segundo as quais o governo russo teria informações comprometedoras sobre Trump.

Trump destacou abertamente seu interesse em suspender as sanções impostas durante o governo em fim de mandato de Barack Obama e melhorar as relações com a Rússia e Putin, mas Tillerson usou um tom mais duro contra o Kremlin.

"A Rússia representa um risco, mas não é imprevisível na hora de defender seus próprios interesses", disse Tillerson, de 64 anos.

"Nossos aliados na Otan têm razão para se alarmar perante uma Rússia fortalecida", acrescentou.

Em uma crítica a Obama, acrescentou que o ressurgimento de Moscou aconteceu porque "voltamos atrás em compromissos com aliados e enviamos sinais mistos", antes de prometer que "a liderança americana não só deve ser renovada, mas deve se fazer valer".

"Precisamos de um diálogo aberto e franco com a Rússia sobre suas ambições", destacou.

Cuba não presta contas

Tillerson também criticou Cuba e advertiu que Washington não prestou contas a Havana pelo que considerou uma falta de compromisso com os direitos humanos na ilha.

Após quatro décadas de enfrentamentos, os ex-inimigos da Guerra Fria restabeleceram relações diplomáticas em 2015, e desde então Washington suspendeu uma série de restrições sobre viagens, comércio, remessas e turismo.

Mas críticos da aproximação bilateral destacam que o governo cubano do presidente Raúl Castro não acompanhou as mudanças com reformas políticas no sistema de partido único e mantém a repressão contra grupos dissidentes.

"Nosso acordo recente com o governo de Cuba não foi acompanhado por nenhuma concessão importante em direitos humanos. Não o fizemos prestar contas por sua conduta", disse Tillerson na audiência.

Este engenheiro, que trabalhou toda a vida na Exxon, onde passou mais de 40 anos, também criticou a China. Disse que Pequim não tem sido um parceiro confiável dos Estados Unidos para pressionar a Coreia do Norte por seu programa nuclear.

"A China não tem sido um parceiro confiável na hora de usar sua influência a fim de conter a Coreia do Norte", disse Tillerson.

"Em ocasiões, a China é amigável e em ocasiões é uma adversária", afirmou, acrescentando que também se deve reconhecer as "dimensões positivas" da relação bilateral entre duas nações "profundamente inter-relacionadas" em seu desenvolvimento econômico.

A sessão, celebrada no Capitólio, em Washington, coincidiu com a primeira coletiva de imprensa de Trump no QG do presidente eleito, em Nova York, que foi a primeira aparição do bilionário de 70 anos desde que foi eleito presidente, em 8 de novembro.

Outros nomeados de Trump também eram interrogados no Senado nesta quarta-feira, incluindo Elaine Chao, nomeada pelo presidente eleito republicano para a pasta dos Transportes e esposa do líder republicano do Senado Mitch McConnell.

Simultaneamente, a comissão de Assuntos Jurídicos seguia na segunda parte da sessão de confirmação do senador Jeff Sessions para o cargo de secretário de Justiça.

Em uma agitada sessão nesta terça-feira, que se estendeu por mais de dez horas na comissão de Assuntos Jurídicos, Sessions mostrou-se duro contra a imigração ilegal, ao mesmo tempo em que se defendeu das "detestavelmente falsas" acusações de racismo contra ele.

Na segunda parte da audiência, os senadores têm previsto ouvir um painel heterogêneo, que inclui um senador, congressistas e associações de direitos civis, como NAACP (sigla em inglês para Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor) e ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis).

Também vão depor um veterano e um imigrante legal, assim como representantes de forças de segurança, entre as quais Sessions diz desfrutar de apoio.

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