Mundo

Historiadores lamentam desinteresse por biografias políticas

Ingleses destacaram o pouco interesse dos brasileiros por fazer livros de personalidades como Getúlio Vargas e Lula, principais figuras nacionais nos últimos cem anos

Além do pouco interesse por políticos, os historiadores lembraram que os dois principais jornais econômicos, Financial Times e The Economist, têm dado maior destaque ao país (Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Além do pouco interesse por políticos, os historiadores lembraram que os dois principais jornais econômicos, Financial Times e The Economist, têm dado maior destaque ao país (Ricardo Stuckert/Presidência da República)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2012 às 23h22.

Brasília - Especialistas na história brasileira, os ingleses Richard Bourne e Leslie Bethel apontaram os ex-presidentes Getúlio Vargas e Luiz Inácio Lula da Silva como as principais figuras políticas nacionais dos últimos cem anos, devido à importância deles para a trajetória política brasileira.

"Juscelino Kubitscheck e Fernando Henrique Cardoso podem ser incluídos nesta lista, mas há poucas dúvidas de que Vargas e Lula são os dois políticos mais influentes dos últimos cem anos", disse Bethel durante a 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, que ocorre em Brasília (DF) até o próximo dia 23.

"Lula é um elemento importantíssimo da vida política brasileira. Assim como Vargas, que apesar de um certo embaçamento político, algo de vago em torno de sua figura, foi um grande líder", defendeu Bourne, que lançou na bienal o livro Getúlio Vargas do Brasil 1883-1954.

Em meio aos vários e antagônicos comentários que receberam do público sobre o governo Lula, Bethel frisou que vai ser preciso aguardar mais algum tempo pelo julgamento histórico dos oito anos de Lula no poder.

"Há a possibilidade de que, no futuro, a figura de Lula, que deixou o governo com um índice histórico de aprovação popular, possa ser diminuída por historiadores. Da mesma forma que a [avaliação] de Vargas melhorou. Isso, contudo, é um pensamento especulativo. Só o tempo dirá", disse Bourne.

Os dois historiadores destacaram o pouco interesse dos brasileiros pelas biografias de políticos nacionais. Bethel ainda comentou o fato de poucos historiadores brasileiros se dedicarem ao gênero, quando comparado à quantidade de obras lançadas sobre vultos históricos em outros países.

"Gostaria que a realidade me contradissesse, mas minha impressão é que os líderes brasileiros não querem ser biografados e que os historiadores e jornalistas brasileiros não se dedicam a biografar políticos. Por que? Não sei, mas creio que pode estar ligado a um certo corporativismo e clientelismo brasileiro e ao fato de que por ser a classe política tão rejeitada no Brasil, poucas pessoas queira ler uma biografia política", disse Bethel, que além de ter estudado a América Latina e o Brasil por toda a vida, há quatro anos vive no país.


Bethel ainda mencionou o destaque internacional que o Brasil vem merecendo nos últimos anos, algo que, para os dois historiadores implica na necessidade não só de que o país passe a ser mais estudado nas universidades estrangeiras, como também que os brasileiros passem a se interessar cada vez mais pelas relações internacionais.

"Na Inglaterra, por exemplo, há mais grupos econômicos querendo investir no Brasil do que há cem anos. Os dois principais jornais econômicos [Financial Times e The Economist] têm dado maior destaque ao país.

Até os taxistas ingleses têm a percepção de que a economia brasileira vai bem e que o país que antes era conhecido pela música e pelo futebol, hoje é um player internacional", concluiu Bethel.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilGetúlio VargasHistóriaLivrosLuiz Inácio Lula da SilvaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Mundo

Mais de 60 são presos após confronto entre torcedores de Israel e manifestantes na Holanda

Milei tira monopólio em aeroportos e alerta Aerolíneas: “ou privatiza ou fecha”

Sinos da Notre Dame tocam pela primeira vez desde o incêndio de 2019

França busca aliados europeus para ativar veto ao acordo UE-Mercosul