Mundo

Fase ativa da invasão russa pode acabar em abril; veja últimas notícias

Zelensky alertou que milhares de pessoas continuam bloqueadas e a situação humanitária é cada vez mais grave em Mariupol. Veja as últimas notícias da guerra na Ucrânia desta quarta-feira, 23

Bombeiros apagam fogo em casa em Shevchenkivsky, em Kiev: capital segue em toque de recolher nesta quarta-feira, 23 (Aris Messinis/AFP Photo)

Bombeiros apagam fogo em casa em Shevchenkivsky, em Kiev: capital segue em toque de recolher nesta quarta-feira, 23 (Aris Messinis/AFP Photo)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 23 de março de 2022 às 06h52.

Última atualização em 23 de março de 2022 às 15h27.

  • Bombardeios e combates seguem em Mariupol;
  • Há 100 mil pessoas que não conseguiram fugir na cidade, disse Zelensky;
  • Kiev continua em toque de recolher;
  • O presidente americano, Joe Biden, viaja hoje à Europa;
  • A fase "ativa" da guerra pode acabar em abril, disse um oficial ucraniano.

LEIA MAIS


"Fase ativa" da guerra até abril, diz conselheiro

O conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych disse nesta quarta-feira, 23, que espera que a "fase ativa" da invasão russa do país esteja encerrada até o final de abril, segundo reportou a agência Reuters.

A guerra chegou a 28 dias, desde os primeiros ataques em 24 de fevereiro, e embates seguem em várias cidades do país. 

Quer saber tudo sobre a política internacional? Assine a EXAME por menos de R$ 11/mês e fique por dentro.

O conselheiro justificou, em pronunciamento na televisão local, que essa expectativa vem do fato de o avanço das forças russas estar paralisado em várias áreas.

Ele também minimizou a possibilidade de a Rússia promover uma guerra nuclear diante dessa estagnação. O risco nuclear foi citado pelo presidente americano, Joe Biden, nesta semana (leia abaixo).

Arestovych disse ainda que a Rússia perdeu 40% de suas forças de ataque, informação que não pode ser verificada de forma independente.

Já o ministério russo da Defesa relatou hoje avanços no sudeste da Ucrânia e afirmou que atacou "infraestrutura militar" em todo o país.

A Ucrânia e aliados ocidentais têm dito que as forças russas sofreram muitas baixas, estão mal equipadas e não têm capacidade para executar operações complexas.

Ontem, um relatório ucraniano chegou a apontar que os suprimentos russos só durariam "três dias" sem reforços. Mas há riscos de ataques aéreos intensificados a locais como a capital Kiev, onde tropas russas registraram pouco avanço até agora.

Bloqueados em Mariupol

No campo de batalha, centenas de milhares de pessoas permanecem bloqueadas em Mariupol nesta quarta-feira, entre o que são agora ruínas na cidade portuária. Há falta de comida e água há várias semanas.

A cidade no sul do país é estratégica por seu importante porto e por ficar entre territórios controlados pelos russos. 

Restos de veículo militar russo em Kharkiv, em 21 de março: projeção de que principais combates acabem em abril (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que a Rússia agora ataca a cidade com artilharia, mísseis de longo alcance, a partir de navios posicionados no Mar de Azov.

As forças ucranianas também reportaram combates intensos em terra com a infantaria russa, depois que se negaram a aceitar um ultimato de Moscou na segunda-feira para a rendição.

Autoridades locais afirmam que quase 3.000 civis morreram na cidade desde o começo da guerra. Agências da ONU, que conseguiram confirmar 953 mortes de civis em toda a Ucrânia até o dia 22 de março, admitem que "o balanço real permanece desconhecido".

Evacuação difícil

As dezenas de milhares de moradores que conseguiram fugir da cidade portuária no sul do país relataram um "inferno congelado, lotado de cadáveres e edifícios destruídos", segundo a ONG Human Rights Watch (HRW).

Em um vídeo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que mais de 7 mil pessoas fugiram durante as últimas 24 horas, mas um grupo que seguia por um corredor humanitário foi "capturado pelos ocupantes".

Zelensky alertou que milhares de pessoas continuam bloqueadas e a situação humanitária é cada vez mais grave.

"Hoje a cidade ainda tem quase 100 mil pessoas em condições desumanas. É um cerco total. Sem alimento, água, medicamentos, sob constante bombardeio", declarou Zelensky, depois de insistir no apelo para que a Rússia permita a saída dos civis por um corredor humanitário.

Mariupol está entre a Crimeia, ao sul (anexada pela Rússia em 2014), e as regiões de Donbas, ao leste, que contam com apoio de Moscou na separação da Ucrânia. Qualquer evacuação precisa acontecer passando por territórios controlados pelos russos em ambos os lados.

O ex-prefeito da cidade Sergiy Taruta disse que Mariupol nunca perdoará o cerco russo: "Nunca haverá fúria suficiente, nunca haverá vingança suficiente, nunca haverá retribuição suficiente".

Homem no shopping destruído de Retroville, em Kiev: ao menos oito mortos no bombardeio nesta semana (ARIS MESSINIS/AFP)

Kiev em toque de recolher

A capital ucraniana Kiev permanece sob toque de recolher de 35 horas, iniciado a partir da noite de segunda-feira. No começo da semana, ataques russos destruíram o shopping Retroville, deixando ao menos oito mortes.

A Rússia alegou que o local era utilizado para armazenar foguetes e munições e que não tem civis como alvo.

O episódio, para muitos analistas, marcou de vez "a chegada da guerra a Kiev", segundo a agência France-Presse (AFP).

Com os negócios fechados e os moradores confinados, Kiev parecia uma cidade fantasma nesta quarta-feira, relata a AFP, com o silêncio quebrado por sirenes e o som distante de explosões.

Guterres diz que guerra é "invencível"

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu negociações diplomáticas e o fim "guerra absurda" em fala na terça-feira, 22.

"Mesmo que Mariupol cair, a Ucrânia não pode ser conquistada cidade por cidade, rua por rua, casa por casa. Esta guerra é impossível de ser vencida. Mais cedo ou mais tarde, terá que passar do campo de batalha para a mesa de paz", disse Guterres.

Mulher segura bebê em estação de trem na Polônia: mais de dois terços dos refugiados foram para o país (Jeff J Mitchell)

Biden vai à Europa

O presidente dos EUA, Joe Biden, viaja nesta quarta-feira para Bruxelas, na Bélgica, onde tem uma série de reuniões com líderes europeus - há eventos no âmbito da União Europeia, da aliança militar Otan e do G7, grupo que reúne sete entre os países mais ricos do mundo.

Biden também fará na sexta-feira uma visita à Polônia, destino de mais de 2 milhões de refugiados da Ucrânia.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que Washington consultará os aliados sobre a participação da Rússia no G20.

Ameaça nuclear

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu nesta quarta-feira aos questionamentos dos EUA de que a Rússia planejaria o uso de armas nucleares diante da estagnação da ofensiva na Ucrânia.

Peskov disse que a Rússia utilizaria armas nucleares se enfrentasse uma "ameaça existencial", sem oferecer mais detalhes.

O risco é um dos motivos que trava medidas como o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, como quer o presidente Zelensky. Biden tem dito que a zona de exclusão acarretaria em uma "terceira guerra mundial".

Rússia sem apoio da China

Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional americano, também disse que os EUA não observaram envios de armas chinesas para a Rússia desde que Biden conversou na semana passada com o presidente chinês, Xi Jinping.

Na conversa, um dos principais temas foi o apoio de Pequim a Moscou.

"Nós não vimos... o envio de equipamentos militares da China para a Rússia, mas certamente isso é algo que estamos monitorando de perto", declarou Sullivan.

Negociações continuam

Rússia e Ucrânia têm continuado as negociações de paz por videoconferência de forma quase ininterrupta, dizem oficiais, depois que conversas diretas na fronteira entre Belarus e Ucrânia avançaram pouco.

Zelensky: pedido de negociação direta com Putin (Presidency of Ukraine/Handout/Anadolu Agency/Getty Images)

A Rússia disse que deseja discussões "mais substanciais". Já Zelensky afirmou que todas as questões estão sobre a mesa - inclusive a discussão sobre os territórios em Donbas e na Crimeia, um dos pontos mais sensíveis - se Putin concordar em uma negociação direta entre os dois presidentes.

"Continuamos trabalhando em vários níveis e pressionando a Rússia pela paz", declarou Zelensky na madrugada desta quarta-feira na Ucrânia. "É muito difícil, às vezes escandaloso. Mas avançamos passo a passo", acrescentou.

117 crianças morreram

Desde que a Rússia iniciou os primeiros ataques em 24 de fevereiro, ao menos 117 crianças morreram na guerra, segundo autoridades ucranianas informaram nesta quarta-feira. Ao todo, um total de 548 escolas foram atingidas e 72 destruídas.

(Com AFP e Reuters)

*Esta página será atualizada com novos desdobramentos da guerra na Ucrânia nesta quarta-feira, 23 de março. Última atualização às 15h27. 


Assista à Abertura de Mercado da EXAME Invest nesta quarta-feira, 23 e acompanhe as principais notícias da economia no Brasil e no mundo:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:RússiaUcrânia

Mais de Mundo

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano