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Guerra da Otan contra a Rússia? O que acontece agora com a anexação de territórios

Referendo de anexação de regiões ocupadas por Moscou deve transformar teatro de guerra; Otan nunca esteve tão próxima de um conflito com Putin

Começa referendo na Ucrânia (Leon Klein/Anadolu Agency via Getty Images/Getty Images)

Começa referendo na Ucrânia (Leon Klein/Anadolu Agency via Getty Images/Getty Images)

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Carla Aranha

Publicado em 23 de setembro de 2022 às 10h54.

Última atualização em 23 de setembro de 2022 às 11h08.

Uma nova fase da guerra no Leste Europeu deve ter início nos próximos dias, com a conclusão do referendo de anexação de territórios ocupados na Ucrânia. Além das repúblicas separatistas, Donetsk e Luhansk, na região conhecida como Donbas (por sinal, uma das industrializadas do país), Kherson e Zaporizhia, no Sul e Sudeste do país, votam a partir desta sexta, dia 23, se pretendem se tornar parte da Rússia -- o referendo vai até o próximo dia 27. O movimento acontece em um momento no qual Moscou realiza um recrutamento em massa, de 300 mil reservistas, para reforçar o efetivo na Ucrânia. 

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Com a anexação dos territórios ocupados, que somam cerca de 90 mil quilômetros quadrados, qualquer manobra militar na linha de frente será considerada contra a Rússia. Na última quarta, dia 21, o presidente Vladimir Putin ameaçou usar "todos os meios" para proteger a Rússia. "E isso não é um blefe", afirmou. Ao mesmo tempo, Joe Biden elevou o tom sobre o uso de armas nucleares. Em seu discurso durante a 77ª assembleia da ONU, também na quarta, em Nova York, o presidente americano acusou a Rússia de fazer ameaças "irresponsáveis" sobre armamentos nucleares.

O clima é de apreensão -- a anexação de territórios aumenta o risco de um confronto direto entre a Otan, que apoia a Ucrânia, e a Rússia. Desde o início da guerra, os países da aliança militar ocidental enviaram mais de 5,6 bilhões de dólares em ajuda financeira e equipamentos de guerra para a Ucrânia. Estrategistas da Otan também vêm trabalhando junto a Vladimir Zelinsky no cenário militar. Nas últimas semanas, a Ucrânia realizou avanços importantes especialmente na região Sul. Segundo o presidente ucraniano, foram retomados 2 mil quilômetros de território.

Nos bastidores, fontes diplomáticas comentam que a principal preocupação agora é com uma "guerra total", em que a Rússia não conteria esforços para destruir de vez a infraestrutura civil da Ucrânia, com ataques mais abrangentes em linhas de suprimentos, como o transporte de trens e estradas, e grandes núcleos residenciais, em uma escala semelhante ao que foi feito em Mariupol.

Oficialmente, a Otan vem considerando a anexação de territórios na Ucrânia uma escalada significativa da ofensiva russa. "Os Estados Unidos nunca vão reconhecer a anexação", disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança da Casa Branca, nesta terça, dia 20. Jens Stoltenberg, secretário geral da Otan, descreveu o referendo como "ilegítimo" e pediu mais suporte à Ucrânia, ao mesmo tempo que a União Europeia ameaçou medidas mais duras contra a Rússia.

O momento não poderia ser mais complicado para a Europa, com os preços de energia em uma escalada sem precedentes, desde o início da guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia, e o risco iminente de recessão. Com a piora da crise do setor elétrico, com o custo do gás natural em média 100% maior do que no começo do ano, a União Europeia deve mergulhar em uma retração econômica mais extensa. Ao menos é o que prevê o Deutsche Bank, maior banco da Alemanha. "A projeção que fizemos em julho para uma recessão leve a partir deste inverno já ficou para trás”, disse Mark Wall, economista-chefe do banco, nesta quarta. “Agora, prevemos uma recessão mais longa e profunda.”

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