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Governo Trump triplica bônus em dinheiro para imigrantes deixarem os EUA

Incentivo de US$ 3.000 para “autodeportação” é divulgado como oferta de Natal

Donald Trump: presidente dos EUA (Doug Mills/AFP)

Donald Trump: presidente dos EUA (Doug Mills/AFP)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 15h15.

Última atualização em 22 de dezembro de 2025 às 15h18.

O governo dos Estados Unidos passou a oferecer um bônus de US$ 3.000 para que imigrantes em situação irregular deixem voluntariamente o país, em uma iniciativa divulgada como temporária e válida até o fim do ano. A medida faz parte da estratégia da gestão do presidente Donald Trump de intensificar a repressão à imigração ilegal.

A campanha ganhou tom publicitário nas redes sociais do Departamento de Segurança Interna (DHS), que descreveu o benefício como uma “oferta por tempo limitado” e um “bônus para voltar para casa nas festas”. As publicações reforçam a ameaça ao afirmar que o governo estaria “riscando nomes da lista dos mal-comportados”.

Segundo diretriz da administração Trump, os imigrantes interessados no incentivo devem formalizar a saída por meio do aplicativo CBP Home, desenvolvido pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, órgão responsável pelo controle migratório. O app permite, entre outros serviços, registrar a chamada autodeportação, quando o próprio imigrante comunica sua saída do país.

Repressão migratória deve se intensificar em 2026

O bônus financeiro ocorre em paralelo a uma expansão mais ampla das políticas migratórias. O governo Trump prevê endurecer ainda mais as ações em 2026, mesmo diante da queda de popularidade do presidente. O chamado “czar da fronteira” da Casa Branca, Tom Homan, afirmou que os números de prisões e deportações “vão explodir” no próximo ano.

Desde o início do atual mandato, Trump autorizou o envio de agentes federais a grandes cidades americanas, com operações em bairros residenciais que resultaram em confrontos e protestos. Embora ações em locais de trabalho tenham ocorrido pontualmente em 2025, setores que dependem fortemente de mão de obra imigrante, como agricultura e indústria, vinham sendo poupados. Esse cenário deve mudar.

O Congresso dos EUA aprovou em julho um pacote de gastos que destina cerca de US$ 170 bilhões ao Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) e à Patrulha da Fronteira até setembro de 2029. O valor representa um salto expressivo em relação ao orçamento anual atual, estimado em US$ 19 bilhões.

Segundo autoridades, os recursos permitirão a contratação de milhares de agentes, a abertura de novos centros de detenção, o uso ampliado de cadeias locais e parcerias com empresas privadas para localizar imigrantes sem status legal.

A intensificação ocorre apesar de sinais de desgaste político. Em Miami, cidade com grande população imigrante, os eleitores elegeram recentemente a primeira prefeita democrata em quase três décadas, resultado atribuído, em parte, à rejeição das políticas migratórias federais. Pesquisas indicam queda na aprovação de Trump nessa área: de 50% em março para 41% em meados de dezembro.

Desde janeiro, cerca de 622 mil imigrantes já foram deportados. O governo também revogou o status legal temporário de centenas de milhares de haitianos, venezuelanos e afegãos, ampliando o número de pessoas sujeitas à remoção. Dados do ICE mostram que 41% dos detidos até o fim de novembro não tinham antecedentes criminais além de infrações migratórias, antes da posse de Trump, esse índice era de 6%.

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