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Governo recebe abaixo-assinado contra usina de Belo Monte

Mais de 500 mil pessoas assinaram o documento; líderes da região foram recebidos no Palácio do Planalto

Apóa o protesto contra Belo Monte, manifestantes foram recebidos no Palácio do Planalto (ABr)

Apóa o protesto contra Belo Monte, manifestantes foram recebidos no Palácio do Planalto (ABr)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2014 às 13h25.

Brasília – O governo recebeu um abaixo-assinado com mais de 500 mil assinaturas de brasileiros e estrangeiros contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingú, Pará. Cerca de 100 pessoas entre índios, comunidades ribeirinhas, pequenos agricultores, ambientalistas e simpatizantes fizeram hoje (8) uma manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, e levaram a carta ao Palácio do Planalto, onde despacha a presidenta Dilma Rousseff.

Os manifestantes foram recebidos, numa reunião que durou cerca de duas horas, pelo secretário adjunto da Secretaria-Geral da Presidência, Rogério Sottili. Ele se comprometeu a encaminhar o documento, encabeçado com a assinatura de caciques das comunidades indígenas do Alto Xingu, à presidenta. Sottili também disse que a demanda será analisada “com carinho” e ressaltou que o governo prestigia a participação da sociedade civil em questões como essa. “Se eles estão reclamando é porque entendem que não foram ouvidos o suficiente”.

Antes de levar o documento ao Planalto, a vice-presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Sônia Guajajara, disse que a construção da usina viola os direitos da população afetada, como os habitantes de 30 terras indígenas legais e moradores de um terço do município de Altamira – o segundo maior do mundo em extensão, com cerca de 160 mil quilômetros quadrados.

De acordo com Sônia, a indisposição do governo em tratar com os atingidos pela usina poderá gerar “revolta”. Pode haver inclusive, segundo ela, a possibilidade de ocupação dos acampamentos da obra da usina. A líder admite, no entanto, que “é muito difícil o governo voltar atrás”, mas assegura que a pressão vai continuar.

O movimento contrário à usina também tenta mobilizar a opinião pública internacional. No ano passado, cem entidades civis que representam 40 comunidades de municípios paraenses apresentaram documento a relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciando violações de direitos humanos que seriam causadas com a construção da hidrelétrica.

Além da ONU, os ativistas mobilizaram o diretor de cinema James Cameron, que chegou a participar de ato contra a usina após ter ganho três prêmios Oscar pelo filme Avatar. A articulação com o cineasta foi feita pela ONG Amazon Watch, que tem sede na Califórnia (Estados Unidos).

Segundo o coordenador de programa para o Brasil da Amazon Watch, Christian Poirer, a construção da usina “não é muito popular” e alternativas deveriam ser discutidas como a economia de energia, a repotencialização das turbinas de hidrelétricas instaladas, a melhoria das linhas de transmissão, além do uso de energia eólica e energia solar. “O governo não está investindo nisso”, lamentou.

Para o deputado Ivan Valente (P-SOL–SP), que participou da manifestação em frente ao Congresso, a usina “é um atentado social, ambiental e cultural”.

A petição contra a obra pode ser assinada aqui

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