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Governo irlandês à beira do colapso após plano de resgate

Governo pode perder maioria no parlamento após Partido Verde pedir a convocação de novas eleições

A Irlanda aceitou ajuda do FMI e da União Européia para conter sua crise (Peter Muhly/AFP)

A Irlanda aceitou ajuda do FMI e da União Européia para conter sua crise (Peter Muhly/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2010 às 16h05.

Dublin - O governo irlandês parecia estar à beira do colapso nesta segunda-feira após a convocação de eleições antecipadas efetuada pelos Verdes, membros da coalizão no poder, em pleno descontentamento depois do anúncio de um plano de resgate internacional para o país.

Em uma declaração inesperada, o líder dos Verdes, John Gormley, estimou que "chegou o momento de fixar uma data para eleições gerais na segunda quinzena de janeiro de 2011".

Os Verdes apoiavam até agora a coalizão no poder: seus seis deputados são considerados indispensáveis para a sobrevivência política do partido do primeiro-ministro Brian Cowen, o Fianna Fail.

Além dos Verdes, a formação de centro-direita tem o apoio de apenas uns poucos deputados independentes para reunir a maioria parlamentar, reduzida hoje a três assentos.

No caso de eleições legislativas antecipadas, o Fianna Fail tem muitas possibilidades de perder.

Segundo uma pesquisa publicada no domingo, este partido conta com 17% das intenções de voto e os Verdes, com 3%, muito atrás do Fine Gael (33%), maior força de oposição, dos trabalhistas (27%) e do Sinn Fein (11%). Os dois últimos anunciaram que são contrários ao resgate internacional.

O líder dos Verdes disse, entretanto, que dará tempo ao governo para encerrar seus temas pendentes: os detalhes do plano de ajuda internacional da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), aceito no domingo, e um novo programa de ajuste quadrienal.

"Deixar o país sem um governo quando estes assuntos seguem sem resolução seria muito prejudicial e quebraria nossas obrigações morais", disse.


Gormley não deu nenhuma indicação sobre os planos em preparação, mas afirmou que o resgate internacional, que pode alcançar 90 bilhões de euros (123 bilhões de dólares), deve "respeitar os interesses vitais da Irlanda e restaurar a estabilidade da eurozona".

"As pessoas se sentem enganadas e traídas", disse, referindo-se ao sentimento da maioria dos irlandeses após o pedido de ajuda externa.

"É absolutamente repugnante. Nos roubaram a pouca credibilidade que nos restava", resumiu Harry O'Brien, um cidadão ouvido no centro de Dublin.

A imprensa desta segunda-feira refletia o mesmo sentimento ao falar de uma "capitulação sem precedentes", uma "ignomínia" e uma "rendição vergonhosa".

O governo pode começar a pagar pelo descontentamento na quinta-feira, quando está prevista uma eleição parcial, na qual o candidato no poder tem todas as chances de perder, o que reduziria a maioria governamental no Parlamento a apenas duas cadeiras.

Além disso, na quarta-feira será anunciado um questionado plano de ajuste, anterior à ajuda internacional, que busca economizar 15 bilhões de euros para levar um déficit que neste ano alcançará 32% do PIB aos 3% preconizados pela UE em 2014.

Mas os irlandeses já estão em seu terceiro plano de austeridade. No total, estão previstas 100 mil demissões, assim como cortes nos benefícios sociais. O novo plano pode afetar, inclusive, o salário mínimo que, segundo a imprensa, pode ser reduzido em até 13%.

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