ONU: Laurent Gbabo vem pedindo a retirada da organização da Costa do Marfim (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2011 às 10h54.
Abidjan - O Governo de Laurent Gbagbo, não reconhecido internacionalmente, pretende deter 41 veículos da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI) e exigir as armas dos "capacetes azuis", segundo uma ordem divulgada nesta segunda-feira pelos meios de comunicação marfinenses.
A ordem, lida por um porta-voz das Forças de Armadas e de Segurança, leais a Gbagbo, assinala que os 41 veículos identificados dos soldados da ONUCI, qualificados como "força estrangeira" e "força de ocupação", serão considerados "depósitos de armas" e estarão "submetidos a um registro minucioso".
Em várias ocasiões, Gbagbo exigiu a retirada dos "capacetes azuis" da ONUCI do país e ordenou o registro de seus veículos, o que não foi admitido pela ONU, que não o reconhece como governante legítimo.
Na sexta-feira passada, a ONU qualificou de "inaceitável" que partidários de Gbagbo detenham e registrem veículos da UNOCI, em outra aparente tentativa de forçar a saída dos "capacetes azuis" do país.
O porta-voz do organismo, Martin Nesirky, assinalou que esta prática mostra uma vulnerabilidade das resoluções do Conselho de Segurança e do acordo com o Governo de Abidjan, que regula a presença das tropas da ONU na Costa do Marfim.
Também reiterou a condenação do uso dos meios de comunicação públicos marfinenses por parte de Gbagbo para "divulgar informação falsa" sobre a atuação da UNOCI, assim como qualquer outra tentativa de prejudicar as ações do pessoal da missão para implementar seu mandato.
A lista com as matrículas dos veículos da ONU foi divulgada nesta segunda-feira pela imprensa, o que aumenta a tensão entre os seguidores de Gbagbo e as Nações Unidas, que não o reconhece como governante e aprovou sanções contra sua administração.
O porta-voz militar assinalou que, para se deslocar pelo país, os soldados da ONUCI recorrem nos últimos dias ao uso de veículos civis "sem os símbolos da ONU".
Após o segundo turno das eleições presidenciais de 28 de novembro, a ONU reconheceu Alassane Ouattara como presidente eleito, depois que a Comissão Eleitoral Independente (CEI) apontou sua vitória, que foi certificada pela ONUCI.
Gbagbo, no poder desde 2000, se negou a reconhecer sua derrota e o Conselho Constitucional, formado por seus seguidores, anulou os resultados em oito distritos favoráveis a Ouattara.