Fundador do Wikileaks: relembre oito fatos sobre o processo de Assange
Disputa nos tribunais começou em 2012, quando Assange pediu asilo diplomático ao Equador em Londres
Repórter colaborador
Publicado em 25 de junho de 2024 às 07h42.
Última atualização em 26 de junho de 2024 às 11h52.
O ativista e fundador do site Wikileaks, Julian Assange, deixou a prisão em Londres nesta segunda-feira após anos de batalhas judiciais contra os EUA. Washington acusou o australiano de crimes contra segurança nacional ao vazar milhões de documentos secretos, principalmente a respeito das operações militares norte-americanas no Afeganistão e no Iraque.
O New York Times relembrou alguns fatos sobre o processo de Assange ao longo do tempo:
2009
Um analista de inteligência do Exército, Bradley Manning, torna-se uma peça fundamental para a história do Wikileaks, fundado três anos antes. Agora conhecida como Chelsea Manning, baixou grandes lotes de documentos de uma rede de computadores confidenciais e começa a enviá-los para o WikiLeaks.
O material inclui um vídeo de um ataque de helicóptero dos EUA em Bagdá, no qual um fotógrafo da Reuters foi morto, registos de incidentes das guerras do Afeganistão e do Iraque, mais de 250 mil telegramas diplomáticos de embaixadas americanas em todo o mundo e centenas de dossiês compilando ações de inteligência contra detidos de Guantánamo.
2010
O WikiLeaks começa a publicar o material. A organização trabalha com alguns dos principais meios de comunicação do mundo. Chelsea Manning é presa e identificada como a fonte do vazamento dos documentos.
O Departamento de Justiça abre uma investigação contra o WikiLeaks e a administração Obama debate internamente se pode acusar Assange de um crime sem estabelecer um precedente que prejudicaria a liberdade de imprensa. A Suécia emite um mandado de prisão para Assange em conexão com uma investigação de crime sexual. Cartões de crédito e bancos começam a recusar-se a processar doações ao WikiLeaks.
2012
No Reino Unido e acusado pela Suécia de crime sexual, Assange pede asilo à Embaixada do Equador em Londres. Ele passaria os próximos sete anos lá.
2013
Chelsea Manning é condenada a 35 anos de prisão, a maior pena da história americana num caso relacionado a vazamentos de informações confidenciais. Ela, porém foi absolvida da acusação mais grave, de ajudar o inimigo, versão militar de traição. Após o julgamento, Chelsea Manning (então Bradley Manning) declara-se transgênero. Ela chegou a tentar suicídio duas vezes na cadeia masculina.
No mesmo ano, Assange envia um advogado do WikiLeaks para ajudar Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional que divulgou grandes lotes de documentos relacionados com vigilância e acabou preso em Moscou depois de os Estados Unidos cancelarem o seu passaporte.
2016
No auge da campanha presidencial entre Hillary Clinton e Donald Trump, o WikiLeaks publica e-mails democratas que foram hackeados por uma agência de inteligência russa. Um lote é divulgado na véspera da Convenção Nacional Democrata.
2019
Promotores suecos abandonam a investigação contra Assange a respeito do suposto crime sexual. O Equador revoga seu asilo e convida a polícia britânica a entrar na embaixada e prendê-lo por violar seu acordo com a diplomacia equatoriana. Assange é condenado a 50 semanas de prisão por esse crime.
Os Estados Unidos finalmente fazem acusações formais contra Assange. Uma delas é uma conspiração relacionada a hackers, por supostamente tentar ajudar Chelsea Manning e por encorajar hackers a roubar segredos americanos e enviá-los ao WikiLeaks.
A outra é sobre se ele violou a Lei da Espionagem ao solicitar e publicar segredos de segurança nacional americanos.
2021
Os EUA continuam a busca a extradição de Assange. Um juiz britânico chega a bloquear o pedido alegando que ele poderia correr risco de suicídio se fosse mantido numa prisão americana.
O Departamento de Justiça recorre pouco antes da posse do governo Biden. Rejeitando os apelos das organizações de liberdades civis para retirar as acusações contra Assange, a nova administração democrata segue pressionando o ativista.
O governo dos EUA afirma que não o manteria em condições ruins na prisão e que, se fosse condenado, poderia cumprir a pena em seu país, a Austrália. Com base nessas garantias, um tribunal britânico decide posteriormente que ele pode ser extraditado. Porém, inúmeros recursos da defesa travam a questão.
2022-2024
O apelo de Assange à sua extradição para a Austrália chega aos tribunais britânicos. Documentos indicam que ele havia fechado um acordo com os EUA
Nesta segunda, o ativista deixou a prisão em Londres após declarar-se culpado de uma acusação de violação da Lei de Espionagem e que seria condenado a cinco anos de prisão, tempo já cumprido pelos mais de cinco anos decorridos desde a sua prisão na embaixada do Equador.