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Fiat: empregados de Turim aprovam acordo que endurece condições de trabalho

Acordo prevê contrato específico para fábrica de Mirafiori, independente do convênio coletivo do setor metalúrgico; acordo é virada sem precedentes no sistema sindical

Trabalhadores da Fiat se reúnem na fábrica de Mirafiori, em Turim (Itália) (AFP)

Trabalhadores da Fiat se reúnem na fábrica de Mirafiori, em Turim (Itália) (AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2011 às 13h17.

Turim, Itália - Os operários da histórica fábrica Mirafiori, da Fiat, em Turim (norte), aprovaram um acordo que endurece suas condições de trabalho, e do qual dependia a sobrevivência da unidade, segundo um resultado praticamente definitivo apresentado pela imprensa italiana.

O acordo prevê um contrato específico para Mirafiori, independentemente do convênio coletivo do setor metalúrgico, e representa uma virada sem precedentes no sistema sindical e empresarial da Itália.

Introduz a possibilidade de a fábrica funcionar 24 horas por dia, com a semana de seis dias e redução das pausas entre as horas trabalhadas, além de triplicar o número máximo de horas extras a 120 por ano.

Estabelece, além disso, sanções, no caso de ausência "anormal" ou greve; proíbe a presença de delegados na fábrica, o que é considerado o ponto mais polêmico.

Mas os salários terão um aumento de até 3.700 euros brutos anuais, em decorrência do trabalho noturno e das horas extras.

Um referendo sobre um acordo semelhante, na fábrica de Pomigliano (sul), em junho, teve adesão de 62%, mas a votação em Turim despertou mais interesse, uma vez que Mirafiori representa o coração industrial da cidade de Turim e da Fiat, em particular.

"O acordo foi aprovado", declarou na manhã de sábado à AFP uma fonte sindical. Ainda falta incluir a apuração em uma urna mas, matematicamente, ganhou o sim.

Depois de contabilizados mais de 90% das urnas, o sim se impunha com 54,3% dos votos, segundo os meios de comunicação locais.

A votação realizada pelos 5.431 assalariados da fábrica começou na quinta-feira, às 19H00, hora de Brasília, e foi concluída às 16H30 de sexta-feira.

Com exceção da FIOM - braço metalúrgico da CGIL (esquerda), primeiro sindicato do país, que denunciava uma "chantagem", todos os sindicatos assinaram o acordo em 23 de dezembro e estavam a favor do sim.

"Foram antes de mais nada os trabalhadores da Mirafiori que ganharam (...) Sua maturidade e seu sentido de responsabilidade salvaram dezenas de milhares de empregos", congratulou-se Giovanni Centrella, do sindicato UGL.

Em contrapartida à aprovação do plano, a Fiat comprometeu-se a investir mais de um bilhão de euros com seu sócio americano Chrysler para produzir até 280.000 carros por ano, dos modelos Jeep e Alfa Romeo.

Se o NÃO tivesse ganhado, a fábrica poderia caminhar para um fechamento e os novos modelos de veículos passariam a ser fabricados nos Estados Unidos ou no Canadá.

Apoiado pelo governo, o empresariado e uma parte da esquerda, o acordo de Mirafiori dividiu profundamente a Itália. Sinal disso foi o aparecimento de estrelas vermelhas, símbolo das Brigadas Vermelhas, nos muros de várias cidades italianas nos últimos dias.

O chefe de governo, Silvio Berlusconi, defendeu pessoalmente o SIM.

Para o presidente da Fiat, Sergio Marchionne, que pretende transformar a Fiat-Chrysler num gigante mundial do setor automotivo, este tipo de acordo é indispensável para que as empresas italianas sejam mais produtivas e deixem de perder dinheiro.

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