Mundo

FBI espionou García Márquez por 24 anos, diz Washington Post

Segundo os documentos, ordem para que se abrisse um expediente interno contra o colombiano teria vindo do próprio diretor do FBI naqueles anos, Edgar J. Hoover


	Gabriel García Márquez: escritor foi vigiado desde o ano de 1961, quando se hospedou durante um mês no Hotel Webster, em Manhattan
 (Getty Images/Getty Images)

Gabriel García Márquez: escritor foi vigiado desde o ano de 1961, quando se hospedou durante um mês no Hotel Webster, em Manhattan (Getty Images/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2015 às 09h27.

Miami .- O FBI (polícia federal americana) manteve uma vigilância de 24 anos sobre o colombiano Gabriel García Márquez, inclusive durante os anos em que se consagrou como escritor em nível internacional, segundo documentos desclassificados da agência federal divulgados pelo jornal "The Washington Post".

O jornal informou que a pedido de sua agência federal desclassificou 137 páginas de uma investigação desenvolvida durante mais de duas décadas e que revelam que o escritor foi vigiado desde o ano de 1961, quando se hospedou durante um mês no Hotel Webster, em Manhattan, acompanhado de sua esposa e de seu primogênito Rodrigo García.

Naquela época, García Márquez chegou a Nova York para trabalhar na agência de notícias cubana Prensa Latina, e com o tempo se tornou um amigo próximo do líder cubano Fidel Castro, no entanto "as motivações do FBI para investigá-lo são pouco claras", reconheceu o jornal.

Os documentos desclassificados não dão pistas que tenha sido aberta uma investigação criminal para o prêmio Nobel de Literatura, embora a agência federal mantenha ainda 133 páginas classificadas e sem ser postas ao conhecimento público.

Segundo os documentos, a ordem para que se abrisse um expediente interno contra o colombiano teria vindo do próprio diretor do FBI naqueles anos, Edgar J. Hoover, que instruiu que a agência seja avisada imediatamente se o escritor "entrasse nos Estados Unidos por qualquer propósito".

Nos primeiros reportes sobre as atividades do autor de "Cem Anos de Solidão" (1967), está que o colombiano pagou uma tarifa de US$ 200 mensais para se hospedar no hotel de Nova York, e que o FBI manteve contato com pelo menos "nove informantes confidenciais" que detalhavam os passos do escritor e jornalista.

O meio informou que o FBI, alheio à importância que o colombiano ia adquirindo no mundo das letras, inicialmente confundiu seu nome e etiquetou seu arquivo sob o rótulo de José García Márquez, no qual com os anos se acumularam resenhas e perfis escritos por meios como "Times", "The New York Times" e publicações em espanhol.

Seu filho Rodrigo García, hoje cineasta radicado em Los Angeles, assinalou ao meio que sua família não tinham pistas que seu pai tenha sido objeto de uma investigação por parte do FBI, embora a notícia não lhe surpreenda.

Gabriel García Márquez morreu em 17 de abril de 2014, em sua residência da Cidade do México, aos 87 anos.

Acompanhe tudo sobre:EspionagemFBIGabriel García Márquez

Mais de Mundo

Benjamin Netanyahu demite ministro da Defesa de Israel

Festival de compras Double 11 começa mais cedo e impulsiona vendas na China

Preço de baterias de veículos elétricos na China aumenta após fim da garantia

Donald Trump vota na Flórida e diz estar 'muito confiante' sobre vitória