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Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2013 às 15h03.
Havana - O Governo de Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) retomaram nesta quarta-feira em Havana as suas negociações de paz, que chegam ao nono ciclo estagnadas na questão agrária, apesar de a guerrilha estar de acordo em acelerar o ritmo do diálogo para fechar esse ponto.
"Hoje retomamos as conversas com maior disposição de avanço, com iniciativas dinâmicas que, como sempre, pretendem acelerar o ritmo de trabalho", declarou a guerrilha em comunicado divulgado no início da nova rodada das conversas que tentam pôr fim ao longo conflito colombiano.
A ponto de completar-se meio ano dos diálogos em Havana, Governo e guerrilha seguem sem fechar o tema agrário, primeiro ponto da agenda desse processo, e, embora as duas partes admitam aproximações, ainda não ofereceram resultados concretos.
No fim do ciclo anterior, há 12 dias, os delegados do Governo se queixaram do ritmo "insuficiente" e "inconstante" das conversas: "A opinião pública reivindica resultados", advertiu às Farc o chefe dos negociadores de Santos, Humberto de la Calle.
Durante esta semana o Governo voltou a deixar claro que não quer que o diálogo com a guerrilha se estenda além deste ano.
Em uma aparente resposta aos pedidos para a agilização do processo, a guerrilha espera que "em breve" haja um comunicado conjunto sobre os resultados no tema do desenvolvimento rural para dar "certezas" aos colombianos sobre o processo de diálogo.
Em sua declaração de hoje, lida pelo guerrilheiro Jorge Torres Victoria ("Pablo Catatumbo"), as Farc assinalam que a "laborização" do trabalho rural e a questão da soberania alimentícia são os dois últimos pontos sobre a questão rural que estão sendo discutidos.
"Temos plena expectativa e o desejo de abordar, muito em breve, o segundo ponto" da agenda (a participação política da guerrilha), disse Catatumbo.
Para agilizar o processo, as duas partes acordaram nesta quarta-feira que nos próximos dias trabalharão em Havana separadamente, e não na mesa conjunta, para analisar os documentos que trocaram sobre a questão agrária.
Desde que em 19 de novembro de 2012 se instalou em Cuba a mesa do diálogo de paz, a guerrilha apresentou uma centena de propostas sobre a questão rural, na qual sua principal exigência é uma reforma agrária estrutural na Colômbia que ponha fim ao latifúndio.
Neste sentido, pressionaram hoje o Governo a "não repetir erros do passado" na questão do desenvolvimento rural se pretende construir "caminhos de entendimento".
"Não se pode editar uma nova etapa de "recolonização" e violência para não tocar o latifúndio, não se pode iniciar um novo ciclo de usurpação e acúmulo, e muito menos se deve insistir na "estrangeirização" da terra, na depredação mineiro-energética, em fechar os olhos para a busca das soluções alimentícias a partir do conceito de soberania", advertiram as Farc.
Se Governo e guerrilha conseguiram fechar o tema da terra, o seguinte ponto de debate serão as garantias para a participação da insurgência na vida política da Colômbia uma vez alcançado o acordo geral de paz.