Soldados de Israel: barba feita agora é regra (Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2015 às 09h24.
Jerusalém - O exército de Israel aprovou uma lei que reduz as permissões para que os militares deixem crescer a barba, benefício que agora só será dado em circunstâncias excepcionais e fundamentalmente por motivos religiosos ou de saúde.
Um grupo de soldados barbados está se preparando para levar a batalha aos tribunais, informou o jornal israelense "Ha'aretz" neste sábado.
Até agora a permissão para usar barba era concedia para o tenente-coronel da unidade, uma vez completado o período inicial de treinamento.
Com a nova norma, no entanto, um coronel deverá autorizar a escolha estética, que só será tolerada em casos excepcionais.
O advogado Lior Shtelzer, que representa vários soldados que têm permissão para usar barba por razões que não são nem médicas nem religiosas, pediu ontem ao diretor de pessoal do exército a revogação da legislação, argumentando que ela representa uma discriminação por motivos religiosos e, portanto, é ilegal.
"Usar barba não influencia na disciplina militar no caso dos soldados religiosos e, portanto, deve se assumir que o mesmo acontece no caso dos não religiosos", assegurou.
"O Supremo sentenciou há 18 anos que a barba de uma pessoa é parte de sua identidade e honra, inclusive quando não é religiosa, e portanto não se pode discriminar entre uma pessoa que deixa barba porque tem um estilo de vida religioso e por outros motivos", afirmou.
Muitos ultra-ortodoxos judeus deixam a barba crescer por uma interpretação rabínica do livro Levítico, em 19.27, que estabelece: "Não cortarás categoricamente as extremidades de vossas cabeças, nem danificarás a ponta de tua barba".
A Mishná (compilação de leis judaicas de tradição oral) interpreta esta indicação como a proibição de se tirar a barba, especialmente para os sacerdotes.
Os defensores das barbas no exército abriram uma página no Facebook que encheram de fotografias (reais e falsas) com soldados (homens e mulheres) com barbas, exigindo o respeito à "livre vontade".
O serviço militar em Israel é obrigatório por três anos para os homens e dois para as mulheres. Em seguida ambos vão para a reserva e são convocados várias vezes ao ano durante o resto de sua vida adulta.
Nas ruas israelenses se vê frequentemente uma interpretação muito livre da estrita uniformidade que costuma reger um exército e é fácil ver soldados com bolsas ou mochilas de cores fortes, acessórios, sandálias ou outros tipos de calçados que não fazem parte do uniforme oficial. EFE