Ex-presidente do Peru é acusado de lavagem de dinheiro
Toledo é a primeira grande figura da política peruana indiciada no caso dos subornos da Odebrecht
EFE
Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 21h54.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2017 às 22h53.
Lima - O Ministério Público do Peru anunciou formalmente nesta segunda-feira a abertura de uma investigação penal do ex-presidente do país Alejandro Toledo pelos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro pela cobrança de propinas para favorecer a concessão de contratos à construtora Odebrecht .
Em mensagem postada em sua conta oficial no Twitter, o Ministério Público informou que o processo também se estende a Jorge Barata, ex-diretor dos escritórios da Odebrecht no Peru, e a Josef Maiman, empresário amigo de Toledo e apontado como suposto testa de ferro do ex-presidente.
Segundo a nota da procuradoria, Barata será alvo de uma investigação preparatória "como cúmplice primário do crime de lavagem de ativos" e Maiman como "autor" no mesmo caso.
Após este anúncio do Ministério Público, um juiz terá que definir em uma audiência, que será realizada em um prazo de 48 horas, que medidas serão tomadas com relação ao ex-presidente e outros acusados, e que podem incluir um pedido de busca e captura internacional.
Toledo é a primeira grande figura da política peruana indiciada no caso dos subornos da Odebrecht, que ganhou força durante o fim de semana passado quando a imprensa publicou informações que assinalavam que Barata confirmou às autoridades de Brasil e Peru que Toledo recebeu US$ 20 milhões em subornos para entregar a construção da estrada interoceânica à construtora brasileira.
No sábado passado, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão na luxuosa mansão que Toledo comprou em Lima após terminar seu mandato e saiu de lá com vários documentos.
Desde que o escândalo estourou, Toledo, que se encontra na França junto com sua esposa Eliane Karp, negou categoricamente ter recebido dinheiro da construtora, denunciou uma perseguição de seus "inimigos" e considerou que Barata "mentiu" em seu depoimento ao Ministério Público.
No Peru, a Odebrecht pagou US$ 29 milhões em subornos a funcionários entre 2005 e 2014, anos que compreendem os governos de Toledo, Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016), segundo se desprende de um acordo assinado pela construtora com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.