Washington - Um ex-agente do FBI, detido em 2012 acusado de pornografia infantil, se declarou culpado pelo vazamento de informação à agência "Associated Press" ("AP") sobre o desmantelamento de um plano terrorista da Al Qaeda, informou nesta segunda-feira o Departamento de Justiça.

A fonte foi identificada como Donald Sachtleben, de 55 anos e com residência em Indiana, que trabalhou como especialista de explosivos no FBI durante mais de 25 anos.

Segundo as autoridades americanas, Sachtleben foi condenado a três anos e meio pelo delito de revelação de informação nacional de defesa e por manter informações confidenciais em sua residência.

"Esta revelação injustificada e sem autorização pôs em perigo severo a segurança nacional e em risco a vida de pessoas", declarou James M. Cole, procurador-geral assistente dos Estados Unidos em uma nota.

Cole ressaltou que, embora respeitem o importante papel da imprensa, as autoridades devem atuar contra estes "perigosos e críticos vazamentos" para "manter o país seguro".

De acordo com os documentos judiciais, Sachtleben trocou várias mensagens de texto com um jornalista da "AP" em abril e maio de 2012 antes de revelar a informação sobre como os EUA tinham frustrado um complô da rede terrorista Al Qaeda no Iêmen que pretendia atacar um avião rumo ao Estados Unidos.

"Com esta sentença, enviamos uma mensagem que este tipo de comportamentos é totalmente inaceitável e que nenhuma pessoa se encontra acima da lei", acrescentou Joseph H. Hogsett, promotor do distrito de Columbia.

O caso gerou grande polêmica quando se tornou público em maio deste ano a capacidade do governo americano e que as autoridades tinham espionado mais de 20 linhas telefônicas da agência jornalística em vários escritórios.

Então, o secretário de Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, assegurou que o vazamento à "AP", que motivou o registro secreto de conversas telefônicas por parte de seu departamento, foi "um dos mais sérios" que tinha visto em sua carreira.

Por sua vez, Sachtleben indicou em comunicado emitido nesta segunda-feira por seus advogados que está "profundamente magoado" e ressaltou que aceita e compreende totalmente que esta declaração representa "o início do processo de arcar com todas as consequências da minha má conduta".

O ex-agente do FBI se declarou culpado em outro caso separado de posse de pornografia infantil, pelos quais espera-se que seja sentenciado a outros oito anos de prisão.

As autoridades estavam investigando o caso dos vazamentos, quando se deram conta que os dados de chamadas telefônicas coincidiam com os do ex-agente do FBI detido previamente.