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Com recorde de casos, países apertam o cerco contra não vacinados

Novas restrições foram anunciadas na Itália para maiores de 50 anos, enquanto Senado da França decide sobre passaporte de vacinação

Macron: presidente disse que o governo chegou ao ponto de ter de "encher o saco" dos não vacinados (AFP/AFP)
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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 06h00.

Última atualização em 10 de janeiro de 2022 às 09h55.

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A nova escalada de casos de covid-19 segue ampliando a preocupação mundo afora. Com a alta de infectados já pressionando hospitais e o mundo superando a marca de 2 milhões de casos diários (e contando), a semana terá destaque para novas restrições, com foco sobretudo nos grupos que não se vacinaram.

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A Europa é um dos centros desse debate. Nos próximos dias, medidas de obrigatoriedade da vacinação e restrições aos não vacinados entram em vigor ou em fase final de discussão em países como Itália, França, Grécia e Áustria ( veja abaixo ).

A região tem menos de 70% da população vacinada, fatia abaixo da América do Sul. A média móvel de casos subiu mais de 150% desde o começo de dezembro, segundo os números compilados pelo Our World In Data, da Universidade de Oxford.

Nos Estados Unidos, na agenda da semana está também a decisão da Suprema Corte sobre a obrigatoriedade de vacinação de funcionários de grandes empresas, plano do presidente Joe Biden. A Corte, de maioria conservadora, começou a discutir o tema na semana passada e deve barrar a medida nesta segunda-feira, 10, após ação perpetrada por estados contrários.

O número de casos de covid-19 nos EUA cresceu mais de sete vezes desde o começo de dezembro, e já passa de 700.000 novos casos diários na média móvel em sete dias.

Alguns governos locais têm implementado medidas individualmente, como a própria obrigatoriedade de vacinação em empresas ou para entrada em locais como restaurantes. Em uma das ações mais duras anunciadas por empresas, o banco Citi também divulgou que vai colocar em licença quem não se vacinar até o fim desta semana.

A alta de casos tende ainda a levar os países a mais restrições gerais, ainda que mais leves do que no passado. Na Itália, depois do governo do ex-banqueiro Mario Draghi aprovar algumas das regras mais duras da Europa para não vacinados, o país também amanhece nesta segunda-feira, 10, com mais áreas tendo entrado na chamada zona "amarela". São agora 11 zonas amarelas dentre as 21 subregiões italianas, e algumas correm o risco de avançar no fim da semana para a zona "laranja", mais grave.

A Itália teve na sexta-feira, 7, seu maior número de casos desde o começo da pandemia, mais de 200.000 novos infectados.

Antes, na quarta-feira, 5, o governo italiano anunciou que a vacinação passa a ser obrigatória para pessoas com mais de 50 anos. Desde outubro do ano passado, todos os funcionários de empresas privadas já deveriam apresentar sua vacinação, mas havia a possibilidade de um teste negativo de covid-19, o que deixa de existir agora para os mais velhos.

A Áustria também anunciou plano de tornar a vacinação obrigatória a todos os maiores de 14 anos a partir de fevereiro, o que tornaria o país o primeiro da União Europeia a fazê-lo. As multas podem passar de 3.600 euros a quem for pego sem vacinação. Já a Grécia incluirá obrigatoriedade para os maiores de 60 anos a partir deste domingo, 16.

Na França, o Senado decide nesta semana se ratifica o projeto de lei aprovado na Câmara que exige passaporte de vacinação em uma série de espaços. A aprovação do texto na semana passada foi acompanhada de fala do presidente Emmanuel Macron de que é preciso "irritar" os não vacinados.

O uso do termo francês emmerder rendeu elogios e críticas à declaração, e Macron diz que não se arrepende. Mas a fala segue repercutindo negativamente na oposição, às vésperas da eleição presidencial de abril - Macron lidera as pesquisas, seguido de perto por rivais como o candidato de extrema direita, Éric Zemmour.

Apesar dos protestos, a medida na França é mais leve do que a obrigatoriedade vista na Áustria ou na Itália, e o governo diz que a decisão ocorreu porque as taxas de vacinação são mais altas (quase 80% dos franceses tomaram ao menos uma dose).

As diferentes abordagens devem ser observadas com atenção por outros países europeus que estudam ações semelhantes. O novo governo da Alemanha, liderado pelos social democratas, disse que poderia seguir o caminho da Áustria, mas não anunciou nenhum plano até agora. Na semana passada, o FDP, partido liberal que faz parte do governo, entrou com ação para barrar qualquer medida de obrigatoriedade.

Desde dezembro, quando os casos começaram a aumentar na Alemanha, o país já baniu não vacinados de entrar em alguns espaços. O público em jogos de futebol também foi reduzido, e locais com alta de casos têm de fechar espaços como baladas, por exemplo.

O objetivo das medidas de restrição aos não vacinados é dois: reduzir as transmissões, uma vez que estudos têm mostrado que pessoas vacinadas transmitem menos o vírus entre si, e sobretudo, reduzir o número de casos graves e a pressão nos hospitais, já que a maioria das internações têm sido de não vacinados.

Após anunciar sua obrigatoriedade para os mais velhos, o governo italiano afirmou que dois terços dos pacientes em unidades de terapia intensiva não estão vacinados, e afirma que este grupo é o que tem "causado o peso em nosso sistema hospitalar". As mudanças, diz o ministro da Saúde italiano, são para "restringir os não vacinados o máximo possível". A tendência é que cada vez mais países comecem a trilhar este caminho.

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