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EUA planejam retirar imediatamente suas tropas da Síria

Cerca de 2.000 soldados americanos estão atualmente mobilizados no norte da Síria

EUA planejam retirar imediatamente da Síria os 2 mil soldados americanos que lutam no país contra o Estado Islâmico (Omar Sanadiki/Reuters)

EUA planejam retirar imediatamente da Síria os 2 mil soldados americanos que lutam no país contra o Estado Islâmico (Omar Sanadiki/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de dezembro de 2018 às 12h46.

Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 10h17.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira que "é hora" de as tropas americanas na Síria para combater o grupo jihadista Estado Islâmico voltarem para casa.

"Ganhamos contra o EI (...) Recuperamos o território e agora é hora de nossas tropas voltarem para a casa", disse Trump em um vídeo publicado em sua conta do Twitter.

Cerca de 2.000 soldados americanos estão atualmente mobilizados no norte da Síria, em sua maioria integrantes das forças especiais presentes para combater o EI e treinar as forças locais nas zonas libertadas dos extremistas.

"Nós derrotamos o grupo Estado Islâmico na Síria, a única razão, na minha opinião, pela qual estávamos presentes", escreveu o presidente americano no Twitter.

Muitos observadores alertam para o risco de uma retirada americana precipitada, que deixaria o caminho livre na Síria aos aliados do presidente Bashar al-Assad, a saber a Rússia, grande rival dos Estados Unidos, e o Irã, verdadeiro inimigo do governo Trump.

Trump manifestou várias vezes sua intenção de retirar suas tropas desse país, enquanto vários membros de seu governo expressaram divergências sobre essa questão delicada.

O republicano reclama dos custos bilionários das campanhas americanas no Oriente Médio, que seriam melhor gastos em benefício dos contribuintes americanos. Ele também defende deixar a tarefa "para os outros", principalmente os países árabes do Golfo.

Na primavera (no hemisfério norte), quando o assunto voltou ao debate, um compromisso para confirmar o status quo sem ferir a sensibilidade do magnata imobiliário foi alcançado: o governo anunciou que a retirada continuava sendo "um objetivo", mas nenhum calendário foi definido.

Na semana passada, o enviado americano para a coalizão internacional antijihadista, Brett McGurk, declarou que os americanos deveriam permanecer na Síria por algum tempo.

"Mesmo que o fim do califado como território esteja agora claramente ao alcance das nossas mãos, o fim do EI vai demorar muito mais tempo", disse à imprensa em Washington, porque "existem células clandestinas".

"Ninguém é tão ingênuo a ponto de dizer que eles vão desaparecer" da noite para o dia, completou, insistindo em que "ninguém declara 'missão cumprida'".

"Nós aprendemos muitas lições no passado. Então, sabemos que, uma vez que os territórios sejam libertados, não se pode simplesmente fazer as malas e ir embora", frisou.

Em várias ocasiões, o secretário americano da Defesa, Jim Mattis, também advertiu contra uma saída precipitada da Síria.

"Devemos evitar deixar na Síria um vácuo que possa ser explorado pelo regime de Assad, ou por seus apoiadores", explicou em junho.

Entretanto, um porta-voz da pasta informou que o Departamento de Defesa já começou o "processo" de retirada.

O anúncio não especificou que efeito a retirada das tropas terá nas operações aéreas na Síria, que os Estados Unidos realizam desde o final de 2014.

O senador republicano Lindsey Graham expressou suas reservas nesta quarta-feira, dizendo no Twitter que "a retirada desta pequena força dos Estados Unidos na Síria seria um grande erro, do tipo Obama".

"O grupo do EI não foi derrotado na Síria, no Iraque e certamente não no Afeganistão, onde acabei de visitar", disse ele. "Estamos prestes a cometer o mesmo erro que cometemos tantas vezes no Oriente Médio nos últimos 20 anos", lamentou, por sua vez, Ilan Goldenberg, ex-diplomata de Barack Obama.

Mais tarde, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyhu, declarou que seu país, informado de antemão pelos Estados Unidos, analisará as consequências saída americana da Síria, mas "saberá se defender" de eventuais ameaças de seu vizinho.

"Vamos estudar o calendário (dos americanos), seu modo de funcionamento e as consequências para nós, mas em qualquer caso saberemos proteger a segurança de Israel e nos defender", afirmou Netanyahu em um comunicado de seu gabinete.

Desde o começo da guerra na Síria, Israel lançou dezenas de ataques contra posições do Hezbollah e os interesses iranianos, mas também contra comboios de armas destinados ao movimento libanês.

Incerteza para os curdos

Washington apoia as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), que são a coluna vertebral de uma coalizão árabe-curda denominada Forças Democráticas Sírias (FDS).

Para a Turquia, entretanto, as YPG são uma "organização terrorista ativa" do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ilegal.

Ancara advertiu que lançará uma operação "nos próximos dias" contra o território controlado pelas forças curdas no norte da Síria.

O vínculo entre Estados Unidos e Turquia, uma importante aliada dentro da OTAN, foi tensionado nos últimos tempos por causa dessa aliança de Washington com os curdos.

No entanto, em um indício de distensão, os Estados Unidos aprovaram nesta quarta-feira a venda de mísseis à Turquia por 3,5 bilhões de dólares, um pacote que inclui 80 mísseis guiados Patriot.

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