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EUA desbloqueiam parte da ajuda militar ao Egito

John Kerry realizou uma visita surpresa, anunciando o reinício de uma importante ajuda militar americana que estava bloqueada

John Kerry se encontra com o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukri (Brendan Smialowski/Reuters)

John Kerry se encontra com o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukri (Brendan Smialowski/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2014 às 10h10.

Cairo - O secretário de Estado americano, John Kerry, realizou neste domingo uma visita surpresa ao Egito, a da mais alta autoridade dos Estados Unidos desde a tomada de posse como presidente de Abdel Fattah al-Sisi, o ex-chefe do Exército que destituiu o islamita Mohamed Mursi.

Durante a visita que durou poucas horas, foi anunciado o reinício de uma importante ajuda militar americana que estava bloqueada.

"Este é um momento crítico na transição no Egito, com grandes desafios", afirmou Kerry ao encontrar com o ministro das Relações Exteriores, Sameh Shukri.

Antes de reunir-se com Al Sisi, Kerry antecipou que os "Estados Unidos estão muito interessados em trabalhar estreitamente com o novo governo para levar adiante esta transição com a maior rapidez e calma possíveis".

Em abril, as autoridades americanas haviam anunciado a retomada da ajuda, incluindo a entrega de 10 helicópteros Apache para apoiar o Exército egípcio, que enfrenta ataques quase diários reivindicados por insurgentes jihadistas na península desértica do Sinai. Mas os 10 helicópteros ainda estão nos Estados Unidos, segundo as autoridades.

Sisi foi eleito em maio com 96,9% dos votos, depois de eliminar toda a oposição da política, islâmica ou laica e liberal. Neste contexto, na semana passada, um novo governo tomou posse, formado principalmente por membros do governo interino liderado por Ibrahim Mahlab, que manteve sua posição como primeiro-ministro.

As autoridades americanas ressaltaram que Washington reconhece que o Egito atravessa um período de transição muito difícil, mas que querem que essa transição seja bem sucedida.

No entanto, os Estados Unidos estão preocupados em ver que algumas táticas utilizadas para tratar as questões de segurança acabam por dividir a sociedade. "As autoridades radicalizam de certo modo uma parte da sociedade egípcia, o que não é sustentável para a estabilidade global", considerou um dirigente americano que não quis se identificar.

"Nossas relações são antigas e se apoiam em vários pilares. Elas passam por uma passagem difícil neste momento, é certo, e nós temos preocupações reais sobre o clima político no Egito", considerou, citando a "falta de espaço para a oposição, os julgamentos em massa e as condenações à morte".

Em novembro, o Egito aprovou uma lei que restringe o direito de protestar e várias figuras da revolta de 2011, que derrubou o presidente Hosni Mubarak, estão agora na prisão no âmbito deste texto controverso.

A visita também ocorre após a confirmação de 183 sentenças de morte por um tribunal no centro do Egito, incluindo a do chefe da Irmandade Muçulmana, à qual pertence Mursi, o Guia Supremo Mohamed Badie.

Estas condenações à morte foram impostas em um contexto de repressão sangrenta e implacável contra os partidários do ex-presidente e a sua fraternidade, declarada organização "terrorista", que fez mais de 1.400 mortos e cerca de 15.000 prisões em quase um ano.

Egito, o único país junto a Jordânia que assinou um tratado de paz com Israel, ocupa um lugar estratégico na região e é, há tempos, um aliado estratégico dos Estados Unidos.

O porta-voz do departamento de Estado, Jen Psaki, indicou que Kerry abordará os violentos confrontos no Iraque, na Síria, na Líbia e as relações israelenses-palestinas, assim como as ameaças extremistas terrorisas que seu país enfrenta.

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