Estas previsões para a próxima década vão te causar arrepios
A cada cinco anos, a consultoria Stratfor Global Intelligence divulga suas previsões de como estará o mundo nos dez anos seguintes. Veja aqui algumas delas
Gabriela Ruic
Publicado em 24 de junho de 2015 às 14h54.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h40.
São Paulo – A próxima década no mundo promete ser bagunçada. É o que prevê a edição 2015 do “The Decade Ahead”, um estudo produzido a cada cinco anos desde 1996 pela Stratfor Global Intelligence, consultoria dedicada a assuntos geopolíticos. Nele, dezenas de especialistas investigam as tendências futuras para o cenário internacional nas diferentes regiões do planeta e fazem previsões arrepiantes sobre como estará costurado o panorama político e econômico global em 2025. Na visão da consultoria, enquanto a União Europeia deve começar a operar de forma fragmentada, a crise entre Rússia e Ucrânia continuará no centro das atenções no âmbito mundial. A Turquia , por sua vez, surgirá como potência regional, já que acabará se envolvendo nos conflitos que acontecem à sua porta. Na Ásia , a China segue no papel de potência econômica, mas não será mais uma força catalisadora de crescimento. Tal posição, enxerga a Stratfor, será assumida por ao menos 16 países. No que diz respeito às forças militares, veremos a ascensão do Japão como líder dominante no leste. “Será um mundo confuso, com mudanças de liderança em muitas regiões”, prevê a consultoria. O que não deve mudar é o poder Estados Unidos , que estará mais maduro, será menos visível e bem menos utilizado na próxima década. Vale lembrar que nestes quase vinte anos de previsões, a consultoria teve acertos e erros. “Antecipamos a inabilidade da Europa em sobreviver a crise econômica e o envolvimento dos EUA na guerra jihadista”, lembra a Stratfor. “Mas falhamos em não prever o 11 de setembro e, ainda mais importante, qual seria a intensidade da resposta americana”. EXAME.com vasculhou a análise da consultoria e expõe aqui algumas de suas previsões mais alarmantes. Resta aguardar para conferir quais delas se tornarão realidade. Veja nas imagens.
De acordo com a Stratfor, os Estados Unidos seguirão firmes como potência econômica, política e militar. Contudo, o país irá interferir menos no contexto internacional que nos últimos anos. “As experiências do passado irão fazer com que o país seja mais cauteloso quanto ao seu envolvimento econômico e militar no resto do mundo”. Na visão da consultoria, os EUA enfrentarão ameaças estratégias de maneira mais proporcional, “mas não assumirão o papel de socorrista que exerceu nos últimos anos”.
“É improvável que a Rússia sobreviva da forma como conhecemos”, diz a consultoria. Até hoje, o país foi incapaz de conseguir usar as receitas obtidas no setor de energia para transformar a sua economia em autossustentável, fato que a deixa ainda mais vulnerável. E é ai que mora o perigo, analisa a Stratfor: o governo não irá conseguir manter a sua estrutura nacional e regiões menores do país podem vir a formar alianças para sobreviver. Como resultado, a influência de Moscou deve murchar, abrindo um vácuo de poder. “E o que existirá neste vácuo serão pequenos fragmentos da Federação Russa”.
O enfraquecimento da Rússia trará à tona um problema ainda mais grave do ponto de vista internacional. Segundo a Stratfor, o país conta com um poderoso arsenal nuclear, distribuído em diferentes partes de seu território, mas o declínio do poder de Moscou deixará uma pergunta: quem irá controlar todos estes mísseis? Novamente deve entrar em cena o poder de interferência dos Estados Unidos, mas a consultoria alerta que será praticamente impossível monitorar todo o arsenal. “Os EUA terão de aceitar a ameaça que isso pode representar ou tentar criar um ambiente de estabilidade econômica nas regiões envolvidas para minimizar estas ameaças ao longo do tempo”.
No meio de uma confusão de crises econômicas e políticas, a Polônia virá a galope para assumir sua posição entre os países mais influentes na Europa. Na visão da consultoria, a Polônia observou um impressionante crescimento econômico nos últimos anos, com a vantagem de que, embora sua população também venha a retrair, esta retração não acontecerá no mesmo ritmo de outros países europeus. Mas a Stratfor vê mais transformações na Polônia: o país deve se consolidar como uma espécie de líder de uma coalizão mobilizada contra a Rússia e, em um segundo momento, esta aliança poderá influenciar o redesenho das fronteiras russas. “A Polônia ainda se beneficiará da parceria com os Estados Unidos”, prevê a consultoria, “e sempre que uma potência global se relaciona com um parceiro estratégico, é de seu interesse que a economia deste parceiro seja a mais vigorosa possível”. Ou seja...
De acordo com a Stratfor, a União Europeia deve desmantelar nos próximos anos e é possível que surjam quatro pequenos blocos de países unidos entre si na defesa de seus interesses: Europa Ocidental, Leste Europeu, Escandinávia e outro composto pelas ilhas britânicas. Isto porque, segundo a consultoria, nenhuma política do bloco serve para toda a Europa. Como resultado, “o que beneficia uma parte, traz prejuízos para outras”. Neste movimento, o surgimento de ondas nacionalistas deve contribuir ainda mais para esta fragmentação. “A União Europeia poderá sobreviver de alguma maneira, mas a economia europeia, suas relações políticas e militares serão governadas por relações bilaterais ou multilaterais de pequeno porte”, prevê a consultoria.
Enquanto seus vizinhos enfrentam ameaças de grupos jihadistas e movimentos insurgentes, a Turquia será forçada a olhar para o sul de sua fronteira. Seu envolvimento, contudo, se dará lentamente e será da menor intensidade possível. “A Turquia não conseguirá suportar anos de caos em suas fronteiras e não haverá outro país para carregar este fardo”, diz a consultoria. A Stratfor leva ainda a força da Turquia para além do Oriente Médio e em direção ao Mar Negro: com o enfraquecimento da Rússia, os turcos irão investir esforços comerciais e políticos nesta região. Além disso, espera-se que o país aumente sua concentração nos Balcãs. Mas antes que isso tudo possa acontecer, lembra a Stratfor, é preciso que a Turquia arrume a sua casa para encontrar o equilíbrio, especialmente por conta do fato de que, ao mesmo tempo em que é um país secular, é também um país muçulmano.
O vigoroso crescimento chinês finalmente começa a dar sinais de normalização, prevê a Stratfor. O problema, daqui pra frente, será como a China irá lidar com as consequências políticas e sociais desta normalização, uma vez que, depois de anos investindo na sua região costeira, o país terá de expandir seus investimentos em infraestrutura para o interior. Este movimento de transferência de riqueza deve fazer surgir um sentimento de descontentamento nas cidades costeiras e que pode vir a se tornar uma rebelião contra Pequim. Para manter o controle sobre a situação, o Partido deve se tornar ainda mais opressor no cenário interno, aumentando a centralização política econômica e incentivando o sentimento nacionalista.
Com a diminuição do ritmo de crescimento econômico na China, fabricantes de todo o mundo devem levar seus investimentos para outros 16 países nos quais ainda será possível obter salários ainda mais baixos para a mão de obra e outras vantagens. Entre eles, cita a Stratfor, está o México, a Nicarágua, o Peru, além de países africanos como Uganda, Quênia e Etiópia.
Levando em conta previsões de que a Rússia estará enfraquecida nos próximos anos e que a China se tornará cada vez mais nacionalista, a Strartfor prevê que o país pode tentar abocanhar o controle de áreas marítimas que um dia foram de interesse russo no Mar do Sul da China. E é aqui que nasce outro problema: o Japão dificilmente deixará que seus vizinhos chineses aumentem a influência marítima na região. A China tem o poder para construir uma grande frota naval. Contudo, lembra a Stratfor, tem pouca experiência em disputas navais e poucos comandantes capazes de desafiar marinhas tradicionais, como os Estados Unidos e o próprio Japão.
Nesta disputa marítima entre Japão e China, a Stratfor lembra que os japoneses tem toda a condição de construir uma marinha maior que a dos chineses, além de ter uma tradição naval respeitável. “O Japão irá aumentar seu poderio naval”, prevê a consultoria. E fará isso não apenas para lidar com disputas com a China, mas também para assegurar a estabilidade de suas importações, uma vez que é altamente dependente da importação de materiais do Oriente Médio e do sudeste asiático. Atualmente, contudo, conta com os Estados Unidos na mediação destas relações. Com a diminuição da interferência americana no contexto internacional, caberá ao Japão assumir as rédeas de seus interesses.
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