A destruição em Raqqa, na Síria, após a derrota do grupo Estado Islâmico (Erik De Castro/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 17 de outubro de 2017 às 11h47.
Última atualização em 17 de outubro de 2017 às 12h21.
São Paulo – Depois de meses de intensos combates, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) foi derrotado por milícias apoiadas pelos Estados Unidos em Raqqa, cidade síria que, até então, era considerada a “capital” do califado estabelecido pelos militantes. A informação foi divulgada há pouco pela agência Reuters.
De acordo com oficiais das Forças Democráticas da Síria, uma declaração formal de vitória será feita em breve, assim que os combatentes (uma força formada por curdos e árabes) finalizarem a remoção de minas terrestres e desestabilizarem possíveis células dos militantes que ainda estejam em atividade na cidade.
Essa derrota é uma das mais importantes na luta contra o grupo, uma vez que a cidade síria abrigava oficiais do alto escalão do EI e vinha funcionando nos moldes estabelecidos pelo grupo e seus preceitos fundamentalistas.
É, ainda, mais um sinal da sua crescente fragilidade: o EI vem perdendo grandes porções de território que foram conquistadas nos últimos anos e já foi expulso de outras cidades relevantes, como Mosul, no Iraque.
Agora, estima-se que o grupo ainda esteja no controle de vilarejos na região de Deir al-Zor, que fica às margens do rio Eufrates.
Localizada no coração da Síria, Raqqa vive em meio a turbulências há anos. Controlada por rebeldes que se levantaram contra o governo de Bashar Al Assad durante a guerra civil síria que se iniciou em 2011, caiu nas mãos dos militantes do EI em 2014.
Os extremistas passaram a considerá-la a sua capital, tentando imprimir algum tipo de organização próxima do que se esperaria de um governo, porém segundo a visão fundamentalista que o grupo diz seguir. Emitiam passaportes, dinheiro, cobraram impostos.
A violência virou realidade para os seus residentes, que eram proibidos pelos militantes de deixarem a cidade: segundo uma mulher que viveu em Raqqa enquanto controlada pelo EI, e que concedeu uma entrevista a EXAME, execuções públicas aconteciam frequentemente e por qualquer razão. A falta do véu islâmico por uma mulher era uma delas.
Agora, o cenário na cidade é de destruição e crise humanitária. Desde que a ofensiva da coalizão começou, quase 300 mil pessoas fugiram, informou a Organização das Nações Unidas, enquanto cerca de 25 mil permaneceram encurraladas.
Segundo números do Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização não governamental baseada no Reino Unido e que é formada por uma rede de ativistas espalhados pela Síria, a batalha deixou 3.250 mortos, dos quais 1.130 eram civis.