Esquerda francesa apresentará moção de censura contra governo
A monção tem poucas chances de prosperar por conta da maioria governista na Assembleia Nacional
EFE
Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 11h49.
Última atualização em 11 de dezembro de 2018 às 11h50.
Paris - Os partidos de esquerda no parlamento da França apresentarão nesta terça-feira uma moção de censura contra o governo por sua gestão da crise dos "coletes amarelos" e para que suas próprias propostas sejam ouvidas.
Fontes do grupo socialista na Assembleia Nacional confirmaram para a Agência Efe que a moção tem como objetivo "fazer sua voz e suas propostas concretas serem ouvidas".
Os partidos de esquerda no parlamento anunciaram na última quinta-feira sua intenção de apresentar a moção ontem, mas decidiram esperar o discurso do presidente Emmanuel Macron, que ontem à noite apresentou um conjunto de medidas sociais para tentar conter os protestos.
A moção tem o apoio do França Insubmissa (esquerda radical) e do Partido Comunista, mas estas legendas desejam que outros grupos se juntem à iniciativa na Assembleia Nacional, onde os deputados deverão votá-la pelo menos 48 horas depois de sua apresentação.
O secretário nacional do Partido Comunista, Fabien Roussel, disse hoje à emissora "BFM TV" que decidiram manter a moção porque Macron não foi longe o suficiente e seu plano "dividirá os franceses", ao considerar que "uns terão que pagar por outros".
A moção tem poucas chances de prosperar devido à confortável maioria absoluta da qual dispõe o partido governamental, República Em Marcha (LREM, na sigla em francês), na Assembleia Nacional, mas, segundo afirmou na quinta-feira o primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, a proposta serve para mostrar que "outro caminho é possível".
O anúncio acontece um dia antes de o primeiro-ministro, Édouard Philippe, detalhar na Assembleia Nacional as medidas decididas pelo presidente.
Entre essas medidas estão o aumento de 100 euros do salário mínimo - agora de 1.498 euro brutos -, o congelamento do aumento das contribuições para os aposentados com pensões inferiores a 2 mil euros, e a decisão de que as horas extras não sejam tributadas.
O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, disse hoje que o custo das diferentes iniciativas previstas para mitigar o descontentamento dos "coletes amarelos" ficará entre "8 e 10 bilhões de euros".