Entenda a separação entre cristãos ortodoxos e católicos
Desde os primeiros séculos do cristianismo, as diferenças se fizeram sentir entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2016 às 10h58.
A separação entre os cristãos do Oriente e do Ocidente, que se tornaram ortodoxos e católicos , teve como pano de fundo questões teológicas complexas, mas também profundas divisões políticas.
Desde os primeiros séculos do cristianismo, as diferenças se fizeram sentir entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente: alguns observam o rito greco-bizantino, os demais, o rito latino, e cada um reivindica para si a verdadeira doutrina, em especial sobre a natureza da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).
Acima de tudo, o Oriente, a terra dos Pais da Igreja, questiona quando o Papa, bispo de Roma, se apresenta como o sucessor de Pedro, o discípulo a quem Jesus confiou a missão de fundar e conduzir sua Igreja.
Em 451, o Concílio de Calcedônia estabeleceu o primado de Roma, mas Constantinopla o interpretou como um primado de honra não dando autoridade ao Papa sobre seus próprios fiéis.
Mas, à medida que a autoridade do Papa começou a aparecer como uma ameaça do Ocidente carolíngio frente ao patriarca e ao imperador de Constantinopla, a ruptura tornou-se inevitável.
Em 1054, na Catedral de Santa Sofia de Constantinopla, o cardeal Humberto excomungou o patriarca Miguel I Cerulçário, iniciando o Grande Cisma que perdura até hoje.
Mas foram sobretudo as Cruzadas, temidas pela maioria dos cristãos do Oriente, que materializaram a separação, especialmente quando os cruzados estabeleceram patriarcados latinos paralelos aos patriarcados gregos.
Em 1964, o encontro em Jerusalém entre o papa Paulo VI e Atenágoras, patriarca de Constantinopla, deu início a um processo de reconciliação: as excomunhões mútuas foram levantadas.
Os encontros passaram a ser frequentes entre os seus sucessores - Francisco encontrou Bartholomeu em 2014 em Jerusalém e em 2015 em Istambul - e os gestos de boa vontade se multiplicaram.
Desta forma, João Paulo II, em um gesto solene em 2004, devolveu aos ortodoxos as relíquias dos santos Gregório, o Teólogo, e João Crisóstomo, sequestrado em 1204 durante uma das cruzada.
Em 1979, uma "comissão mista para o diálogo teológico" foi criada com o objetivo de uma reconciliação entre as duas tradições cristãs que, fora a liturgia, permaneceram bastante próximas.
Mas ao longo dos séculos, foi o patriarcado de Moscou, com pelo menos 130 milhões de seguidores contra menos de 3,5 milhões de Constantinopla, que assumiu a liderança sobre o mundo ortodoxo, formado por 14 Igrejas autocéfalas.
Mas as relações entre Moscou e a Santa Sé permaneceram por muito tempo em ponto morto, com os russos acusando o Vaticano de promover o proselitismo católico em terra ortodoxa.
A separação entre os cristãos do Oriente e do Ocidente, que se tornaram ortodoxos e católicos , teve como pano de fundo questões teológicas complexas, mas também profundas divisões políticas.
Desde os primeiros séculos do cristianismo, as diferenças se fizeram sentir entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente: alguns observam o rito greco-bizantino, os demais, o rito latino, e cada um reivindica para si a verdadeira doutrina, em especial sobre a natureza da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).
Acima de tudo, o Oriente, a terra dos Pais da Igreja, questiona quando o Papa, bispo de Roma, se apresenta como o sucessor de Pedro, o discípulo a quem Jesus confiou a missão de fundar e conduzir sua Igreja.
Em 451, o Concílio de Calcedônia estabeleceu o primado de Roma, mas Constantinopla o interpretou como um primado de honra não dando autoridade ao Papa sobre seus próprios fiéis.
Mas, à medida que a autoridade do Papa começou a aparecer como uma ameaça do Ocidente carolíngio frente ao patriarca e ao imperador de Constantinopla, a ruptura tornou-se inevitável.
Em 1054, na Catedral de Santa Sofia de Constantinopla, o cardeal Humberto excomungou o patriarca Miguel I Cerulçário, iniciando o Grande Cisma que perdura até hoje.
Mas foram sobretudo as Cruzadas, temidas pela maioria dos cristãos do Oriente, que materializaram a separação, especialmente quando os cruzados estabeleceram patriarcados latinos paralelos aos patriarcados gregos.
Em 1964, o encontro em Jerusalém entre o papa Paulo VI e Atenágoras, patriarca de Constantinopla, deu início a um processo de reconciliação: as excomunhões mútuas foram levantadas.
Os encontros passaram a ser frequentes entre os seus sucessores - Francisco encontrou Bartholomeu em 2014 em Jerusalém e em 2015 em Istambul - e os gestos de boa vontade se multiplicaram.
Desta forma, João Paulo II, em um gesto solene em 2004, devolveu aos ortodoxos as relíquias dos santos Gregório, o Teólogo, e João Crisóstomo, sequestrado em 1204 durante uma das cruzada.
Em 1979, uma "comissão mista para o diálogo teológico" foi criada com o objetivo de uma reconciliação entre as duas tradições cristãs que, fora a liturgia, permaneceram bastante próximas.
Mas ao longo dos séculos, foi o patriarcado de Moscou, com pelo menos 130 milhões de seguidores contra menos de 3,5 milhões de Constantinopla, que assumiu a liderança sobre o mundo ortodoxo, formado por 14 Igrejas autocéfalas.
Mas as relações entre Moscou e a Santa Sé permaneceram por muito tempo em ponto morto, com os russos acusando o Vaticano de promover o proselitismo católico em terra ortodoxa.