Mundo

Encenação em caso Strauss-Kahn pode tumultuar política francesa

Partido Socialista, ao qual o ex-dirigente do FMI pertencia, acaba de lançar as primárias para definir candidato às eleições presidenciais

Strauss-Kahn: partidários do ex-chefe do FMI o querem nas eleições francesas (Getty Images)

Strauss-Kahn: partidários do ex-chefe do FMI o querem nas eleições francesas (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2011 às 17h37.

Paris - A libertação sob palavra de Dominique Strauss-Kahn e a possibilidade de uma suspensão das acusações de tentativa de estupro contra ele tumultuou nesta sexta-feira o cenário político na França, onde um retorno do ex-diretor-gerente do FMI é aguardado por vários amigos.

Anunciada na quinta-feira à noite e convocada em algumas horas, a audiência que decidiu esta liberação, numa encenação judicial nos Estados Unidos, representa de um choque para o mundo político na França, que inicia os preparativos para a eleição presidencial em abril e maio do ano que vem.

"DSK", de 62 anos, era o grande favorito antes de ser detido em meados de maio pelas acusações de tentativa de estupro contra uma camareira, que fizeram que fosse preso em Nova York.

Incrível, impensável até quinta-feira à noite, o retorno ao cenário político francês do ex-diretor do FMI não pode mais ser descartado, no momento em que o Partido Socialista ao qual pertencia acaba de lançar suas primárias para a designação de seu candidato à eleição.

"Quando tudo isso ficar para trás, imaginamos e desejamos que Dominique Strauss-Kahn (...) esteja presente em algumas semanas ao nosso lado e que, na batalha das eleições presidenciais de 2012, ele possa ter um papel muito importante", declarou um de seus amigos próximos, o deputado Jean-Marie Le Guen.

"A França precisa de sua competência, de seu talento e de sua influência internacional", afirmou o ex-ministro Jack Lang, peso pesado do partido, sem mencionar diretamente uma candidatura de DSK nas primárias socialistas.

Elas seguem um calendário muito preciso, que alguns querem abrandar para permitir que Dominique Strauss-Kahn seja candidato.


O pedido foi feito pelos mais fervorosos partidários de DSK, mas ela não foi rejeitada por um dos principais postulantes, o deputado François Hollande, atual favorito das pesquisas.

Ele disse nesta sexta-feira à AFP que não tem "reserva alguma em relação à ideia de adiar a data de encerramento da apresentação das candidaturas", prevista para 13 de julho, enquanto que a próxima audiência para DSK no tribunal de Nova York deve ser realizada em 18 de julho.

Passado o choque do processo de DSK, os socialistas franceses se organizaram para iniciar sem ele a batalha da eleição presidencial e desafiar Nicolas Sarkozy, provável candidato à reeleição.

Martine Aubry, por muito tempo hesitante e preparada para dar lugar a DSK, se lançou solenemente nesta semana nas primárias de seu partido. Elas devem levar nos dias 9 e 16 de outubro à designação do candidato socialista.

O porta-voz do partido Benoît Hamon expressou o "grande alívio" dos socialistas, após a decisão do tribunal. Ele havia afirmado anteriormente que uma mudança do calendário das primárias não estava prevista.

Essa possibilidade de retorno do processo judicial poderá também mudar os cálculos da direita. O entorno de Nicolas Sarkozy afirmava nas últimas semanas que o chefe de Estado francês estava cada vez mais confiante em suas chances de reeleição, apesar de as pesquisas indicarem que seria derrotado pelos principais pretendentes socialistas.

Entre a maioria, a hipótese de um retorno de DSK também é levada a sério, caso as acusações contra ele sejam efetivamente suspensas. "O que o impede de voltar se tiver força e se ele quiser?", declarou o ex-ministro Jean-Louis Borloo.

Acompanhe tudo sobre:EconomistasEleiçõesEuropaFrançaPaíses ricosStrauss-Kahn

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA