O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, fala aos jornalistas durante uma visita de campanha para apoiar o vice-ministro da Habitação da França, Guillaume Kasbarian, nas eleições legislativas, em Chatres, centro da França, em 2 de julho de 2024 (JEAN-FRANCOIS MONIER /AFP Photo)
Redação Exame
Publicado em 8 de julho de 2024 às 08h24.
Última atualização em 8 de julho de 2024 às 11h16.
O presidente da França, Emmanuel Macron, negou o pedido apresentado pelo primeiro-ministro Gabriel Attal para deixar o cargo, após a coalizão governista perder a maioria na Assembleia Nacional e ficar na segunda colocação entre os grupos mais votados. Macron pediu que Attal permaneça no cargo para "garantir a estabilidade", enquanto as negociações políticas definem um novo chefe de governo para o país.
Nova Frente Popular: Quem é a coalizão de esquerda que venceu as eleições na França?Fontes da presidência francesa explicaram que Macron, que recebeu Attal no Palácio do Eliseu no meio da manhã de hoje, pediu-lhe que "permanecesse como primeiro-ministro por enquanto para garantir a estabilidade do país", sem definir qualquer prazo.
As fontes ressaltaram que o chefe de Estado também agradeceu a Attal por ter dirigido as últimas campanhas eleitorais, primeiro as europeias e depois as legislativas.
O primeiro-ministro francês já tinha antecipado depois de saber ontem à noite os resultados do segundo turno das eleições legislativas - nas quais o seu grupo perdeu a maioria relativa com que vinha governando - que apresentaria sua demissão, mas que poderia continuar no cargo ”o tempo que o dever exigisse".
Sobre a decisão de Attal pesou o fato de que a França está organizando os Jogos Olímpicos de Paris, que acontecerão entre 26 de julho e 11 de agosto e que representam um desafio, principalmente em termos de segurança.
Macron, por sua vez, também declarou ontem à noite que iria reservar algum tempo para analisar os resultados das eleições e verificar “a estruturação da nova Assembleia Nacional”, para a partir daí decidir sobre o governo que poderá ser formado.
O chefe de Estado - que na França é quem nomeia o primeiro-ministro, embora depois este tenha de responder à Assembleia Nacional, já que a Câmara pode derrubá-lo com uma moção de censura - prometeu que, "na sua função de fiador das instituições, garantirá que a decisão soberana dos franceses seja respeitada”.
Resta saber se nesta nova fase provisória será mantida a mesma estrutura do governo, sendo os principais pilares o ministro do Interior, Gérald Darmanin, responsável pelo dispositivo de segurança nos Jogos Olímpicos, e o ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire.
Os partidos de esquerda da Nova Frente Popular prometeram unir-se para propor esta semana o nome de um primeiro-ministro com a intenção de que seja escolhido por Macron, com o argumento de que depois das eleições de ontem são o primeiro grupo na Assembleia Nacional pelo número de deputados.
A NFP conquistou 182 assentos de um Parlamento de 577, ou seja, muito longe dos 289 necessários para uma maioria absoluta, embora isto represente um progresso significativo quando comparado com os 149 que tinha na Assembleia Nacional em fim de mandato.
Nada obriga formalmente Macron a escolher um primeiro-ministro de esquerda.
O bloco macronista, que na última legislatura governava com uma maioria relativa de 250 deputados, tornou-se o segundo grupo parlamentar com cerca de 168 assentos e não alcançaria esses 289 assentos mesmo se conseguisse uma eventual aliança com o partido da direita convencional Os Republicanos e com outras legendas de centro, que somam mais 68 deputados.
*Com informações das agências O Globo e EFE