Em aniversário de cerco a embaixada, radicais atacam Rohani
Manifestação em frente à antiga sede diplomática dos EUA é um ritual anual no Irã, mas desta vez teve repercussão maior
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2013 às 08h41.
São Paulo - Milhares de iranianos gritaram "morte à América" nesta segunda-feira, quando se completam 34 anos do sequestro na embaixada dos EUA em Teerã, em protestos tendo como alvo o presidente moderado do Irã, Hassan Rouhani , que busca resolver a atual polêmica nuclear e atenuar as tensões com Washington.
A manifestação em frente à antiga sede diplomática dos EUA é um ritual anual no Irã, mas desta vez teve repercussão maior por servir de termômetro para a oposição dos radicais conservadores à abertura oferecida por Rouhani ao Ocidente, após oito anos de confrontos durante o governo do antecessor Mahmoud Ahmadinejad.
Os EUA e seus aliados há anos acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, algo que a República Islâmica nega. Depois da posse de Rouhani, o Irã começou a discutir com potências mundiais um acordo que elimine as preocupações ocidentais e leve a um abrandamento das paralisantes sanções econômicas internacionais impostas a Teerã.
O líder máximo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, manifestou apoio crítico a essa abordagem conciliadora, o que não impediu que uma multidão se aglomerasse em torno da antiga embaixada -- apelidada de "ninho de espiões" pela imprensa local.
Imagens transmitidas ao vivo pela TV estatal mostraram uma multidão que parecia ter milhares de pessoas, e grandes cartazes colados nos muros da antiga embaixada, apontando supostas falsidades dos EUA.
O cerco de 1979 começou dez meses depois da Revolução Islâmica que derrubou o regime dos xás, aliados dos EUA. Naquela ocasião, estudantes radicais ocuparam a embaixada e tomaram 52 funcionários como reféns durante 444 dias. Os dois países não mantêm relações diplomáticas desde aquela época.
Após 34 anos de hostilidade mútua, muitos iranianos aplaudiram a rápida conversa telefônica de setembro entre Rouhani e o presidente dos EUA, Barack Obama. Os conservadores, porém, veem essa aproximação com desconfiança.
"Há 34 anos, nossa nação mostrou as realidades ao mundo, que as embaixadas norte-americanas são um lugar de espionagem e tramas", disse o conservador Saeed Jalili, ex-negociador nuclear do país, em discurso à multidão.
"A captura do ninho de espiões mostrou que a revolução estava no caminho certo", acrescentou ele, segundo declarações transmitidas pela agência de notícias Irna.
Mas, no domingo, Khamenei manifestou forte aval à atual negociação nuclear, num aparente alerta aos radicais para que não tentem passar a impressão de que Rouhani está empurrando o país para os braços do seu inimigo.
"Ninguém deve considerar nossos negociadores como autores de concessões", disse Khamenei num discurso. "Eles têm uma missão difícil, e ninguém deve enfraquecer um funcionário que está ocupado com o trabalho."
São Paulo - Milhares de iranianos gritaram "morte à América" nesta segunda-feira, quando se completam 34 anos do sequestro na embaixada dos EUA em Teerã, em protestos tendo como alvo o presidente moderado do Irã, Hassan Rouhani , que busca resolver a atual polêmica nuclear e atenuar as tensões com Washington.
A manifestação em frente à antiga sede diplomática dos EUA é um ritual anual no Irã, mas desta vez teve repercussão maior por servir de termômetro para a oposição dos radicais conservadores à abertura oferecida por Rouhani ao Ocidente, após oito anos de confrontos durante o governo do antecessor Mahmoud Ahmadinejad.
Os EUA e seus aliados há anos acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, algo que a República Islâmica nega. Depois da posse de Rouhani, o Irã começou a discutir com potências mundiais um acordo que elimine as preocupações ocidentais e leve a um abrandamento das paralisantes sanções econômicas internacionais impostas a Teerã.
O líder máximo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, manifestou apoio crítico a essa abordagem conciliadora, o que não impediu que uma multidão se aglomerasse em torno da antiga embaixada -- apelidada de "ninho de espiões" pela imprensa local.
Imagens transmitidas ao vivo pela TV estatal mostraram uma multidão que parecia ter milhares de pessoas, e grandes cartazes colados nos muros da antiga embaixada, apontando supostas falsidades dos EUA.
O cerco de 1979 começou dez meses depois da Revolução Islâmica que derrubou o regime dos xás, aliados dos EUA. Naquela ocasião, estudantes radicais ocuparam a embaixada e tomaram 52 funcionários como reféns durante 444 dias. Os dois países não mantêm relações diplomáticas desde aquela época.
Após 34 anos de hostilidade mútua, muitos iranianos aplaudiram a rápida conversa telefônica de setembro entre Rouhani e o presidente dos EUA, Barack Obama. Os conservadores, porém, veem essa aproximação com desconfiança.
"Há 34 anos, nossa nação mostrou as realidades ao mundo, que as embaixadas norte-americanas são um lugar de espionagem e tramas", disse o conservador Saeed Jalili, ex-negociador nuclear do país, em discurso à multidão.
"A captura do ninho de espiões mostrou que a revolução estava no caminho certo", acrescentou ele, segundo declarações transmitidas pela agência de notícias Irna.
Mas, no domingo, Khamenei manifestou forte aval à atual negociação nuclear, num aparente alerta aos radicais para que não tentem passar a impressão de que Rouhani está empurrando o país para os braços do seu inimigo.
"Ninguém deve considerar nossos negociadores como autores de concessões", disse Khamenei num discurso. "Eles têm uma missão difícil, e ninguém deve enfraquecer um funcionário que está ocupado com o trabalho."