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Eleição na Índia: maior votação do planeta começa nesta sexta; entenda o processo

Há dez anos no cargo, o premiê Narendra Modi disputa reeleição em busca de terceiro mandato

Narendra Modi: premiê indiano durante comício em Pushkar 
 (Himanshu Sharma/AFP)

Narendra Modi: premiê indiano durante comício em Pushkar (Himanshu Sharma/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de abril de 2024 às 16h38.

Última atualização em 18 de abril de 2024 às 16h44.

As eleições na Índia, que começam nesta sexta, 19, são as maiores do mundo. Há 969 milhões de eleitores aptos a votar, em um processo que dura mais de dois meses. A expectativa é que o atual premiê, Narendra Modi, 73, seja reeleito para mais um mandato de cinco anos.

A votação é dividida em sete datas. Em cada uma, vão as urnas os eleitores de alguns dos estados do país. O resultado final deverá ser conhecido apenas em 4 de junho.

A Índia adota o sistema parlamentarista: cada estado elege um determinado número de representantes, e o partido ou coligação que obtiver maioria indica o primeiro-ministro e pode chefiar o governo, em um mandato de cinco anos. Não há limite para reeleição do premiê.

Nesta sexta, 19, serão eleitos 102 dos 545 representantes da Lok Sabha, a câmara do Parlamento que define o premiê. No entanto, os resultados só serão conhecidos no começo de junho.  Veja abaixo o calendário completo:

Fase 1
19.abr
102 assentos em disputa

Fase 2
26.abr
89 assentos em disputa

Fase 3
7.maio
94 assentos em disputa

Fase 4
13.maio
96 assentos em disputa

Fase 5
20.maio
49 assentos em disputa

Fase 6
25.maio
57 assentos em disputa

Fase 7
1.jun
57 assentos em disputa

Resultados
Anúncio em 4 de junho

Quem são os candidatos na Índia?

Os principais partidos na Índia são o BJP, de centro-direita, e o INC (Partido do Congresso), de centro-esquerda.

O BJP governa o país desde 2014 e é o partido do premiê Narendra Modi, 73. Durante seu governo, a Índia avançou de nona para quinta maior economia do mundo. Modi investiu em reformas para reduzir burocracias, como uma reforma tributária e o avanço do UPI, um sistema de pagamentos eletrônicos, e em grandes obras viárias, como um complexo de vias expressas em Mumbai, aberto este ano. Ele promete seguir o caminho de investimentos e desburocratização para que a Índia siga crescendo.

Apesar dos avanços econômicos, Modi é criticado por tentativas de cercear a oposição e por um discurso que prioriza os hindus, a maioria do país. Os muçulmanos são minoria na Índia, mas em um país tão grande, é como se houvesse um “Brasil” muçulmano ali: são cerca de 200 milhões de fiéis.

O BJP é crítico de ações afirmativas para estes grupos, como a de programas que beneficiam estudantes muçulmanos, e defende que os hindus, a maioria no país, ficam em desvantagem. Modi defende ainda maior igualdade entre os hindus, independente das castas de origem, o que lhe aumenta o apoio entre os mais pobres. O risco, no entanto, é que isso acabe motivando atos de ódio contra muçulamanos, em um país em que vários massacres ocorreram nas últimas décadas.

Rahul Gandhi, um dos líderes do INC, durante entrevista em Ghaziabad (Money Sharma/AFP)

Para a eleição deste ano, o INC defende novas medidas de proteção social, como uma renda mínima para mulheres pobres e medidas para ampliar direitos a trabalhadores e produtores agrícolas. Em alguns estados, candidatos passaram a prometer que o estado pagará a tarifa de energia dos cidadãos. O partido também se coloca como defensor da democracia.

O INC é presidido por Mallikarjun Kharge, 81, que atua na política há mais de 40 anos e fez carreira no estado de Karmakata. A legenda, no entanto, é dominada pela família Nehru-Gandhi (sem parentesco com o líder pacifista Mahatma Gandhi), que governou a Índia por décadas.

O primeiro premiê indiano, Jawaharlal Nehru, ficou no cargo por 17 anos (1947-1964). Depois, sua filha, Indira Gandhi (sem parentesco com Mahatma Gandhi), chefiou o país por 15 anos e, após ser assassinada, foi sucedida pelo filho Rajiv Gandhi, morto por um ataque a bomba, em 1991. A mulher de Rajiv, Sonia Gandhi, foi líder do INC por mais de 20 anos, até 2022. Seu filho Rahul Gandhi, 53, hoje é deputado e uma das principais lideranças da legenda.

O que dizem as pesquisas na Índia?

Uma pesquisa feita pela India TV-CNX, no começo de abril, apontou que a coligação de Modi, NDA, deve levar 399 dos 543 assentos na Lok Sabha, a câmara baixa do Parlamento que define o premiê. A coligação INDIA, que inclui o INC, levaria outros 94. Hoje, a oposição ocupa 172 vagas.

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