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Eleição na Argentina: primárias testam o poder de candidato apontado como ‘Bolsonaro’ local

Javier Milei defende medidas como dolarizar economia da Argentina e acabar com Banco Central

Javier Milei, político argentino: retórica agressiva de candidato a uma terceira via na Argentinatem rendido comparações com Trump e Bolsonaro (Luis Robayo/AFP/Getty Images)

Javier Milei, político argentino: retórica agressiva de candidato a uma terceira via na Argentinatem rendido comparações com Trump e Bolsonaro (Luis Robayo/AFP/Getty Images)

Publicado em 12 de agosto de 2023 às 15h00.

Última atualização em 13 de agosto de 2023 às 23h39.

Neste domingo, 13, os argentinos votam nas primárias, chamadas de PASO (Primárias abertas, simultâneas e obrigatórias). A etapa definirá quais serão os nomes na eleição presidencial, que terá o primeiro turno em 22 de outubro, e serve para testar a força de cada candidato nas urnas.

ATUALIZAÇÃO: Milei surpreende e é o mais votado nas primárias

A disputa principal se dá entre a coalizão no governo, de esquerda, a oposição de centro-direita e um nome que tenta ser uma terceira via, Javier Milei. Deputado, ele tem chamado a atenção com uma retórica agressiva contra os políticos tradicionais e a defesa de medidas radicais, como acabar com o Banco Central e adotar o dólar como moeda argentina

Na última segunda, 7, Milei fez um comício de encerramento em uma arena de shows lotada em Buenos Aires. Mais de 15.000 pessoas foram vê-lo e o saudaram com gritos como "que se vayan todos".

Filiado ao pequeno partido A Liberdade Avança, ele tem atraído eleitores de direita e extrema-direita. O candidato ganhou fama ao participar de programas de TV dando opiniões polêmicas e fazendo ataques com ironias aos adversários, feitos na medida para chamar a atenção. Sua trajetória vem sendo comparada à de nomes como Donald Trump e Jair Bolsonaro. O ex-presidente brasileiro declarou apoio a Milei

Milei se coloca como alternativa aos políticos tradicionais, em um momento que muitos deles desistiram de concorrer. O atual presidente, Alberto Fernández, não quis tentar a reeleição. Os ex-presidentes Cristina Kirchner (2007-15), atual vice, e Mauricio Macri (2015-19), de centro-direita também declinaram.

Leia mais: As eleições que definirão o mundo até o final de 2024

Com isso, o ministro da Fazenda, Sergio Massa, é o principal nome do governo na disputa. Massa integra a coalizão Unión por la Patria, que reúne nomes ligados ao peronismo, e disputará a nomeação com Juan Grabois, líder de movimentos sociais.

Cristina Kirchner, Alberto Fernandez e Sergio Massa na saída do Congresso, em Buenos Aires

Cristina Kirchner (à esq.), Alberto Fernandez e Sergio Massa (à dir.) na saída do Congresso, em Buenos Aires (AFP/AFP)

Na oposição, reunida na chapa Juntos por el Cambio, Horacio Larreta, prefeito de Buenos Aires desde 2015, compete pela nomeação com Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança, que integrou o governo Macri. 

Analistas apontam que Massa deve ser confirmado como candidato do governo, enquanto na oposição a disputa está mais aberta.

“A grande incógnita é a de quem será escolhido entre Larreta e Bullrich. É uma eleição com final aberto e este resultado definirá o novo cenário eleitoral”, disse o analista político Carlos Fara, à agência AFP. 

O que dizem as pesquisas na Argentina

Levantamentos recentes mostram que as coalizões do governo e da oposição possuem cerca de 30% dos votos cada uma. Milei teria algo em torno de 20%.

No entanto, como as candidaturas das primárias foram definidas há poucas semanas, os resultados das pesquisas podem ser imprecisos, pois ainda há desconhecimento da maioria sobre os nomes na disputa.

Todos os eleitores são chamados a votar para definir os nomes das chapas, e não apenas aqueles que são filiados a partidos. Assim, será possível saber como a anda a preferência do eleitorado geral em relação aos candidatos. 

As primárias também definem candidatos para o Congresso, prefeitura e governo da província de Buenos Aires. 

Argentina vive forte crise econômica

A Argentina vive um momento difícil na economia. A inflação anual está em torno de 115%, e a pobreza atinge 40% da população. Os problemas pioraram nos últimos meses por conta de uma forte seca, que dificulta a produção agropecuária, área com grande peso na economia do país.

O governo argentino fez um acordo com o FMI para receber US$ 44 bilhões, que foi assinado em 2018 e renegociado e 2021. No fim de julho, o ministro Massa conseguiu renegociar alguns termos, como as metas de acumulação de reservas internacionais, mas o acordo ainda precisa ser ratificado.

A grande questão, no entanto, é o que o novo governo eleito fará com a economia depois da eleição. Os candidatos têm evitado detalhar seus planos para resolver a crise e apostado em promessas genéricas. Tanto o governo quanto a oposição falharam em controlar a inflação, que subiu tanto no governo de Mauricio Macri (2015-19) quanto de Fernández.

Outro problema é que o país vive com diversas taxas de câmbio. O informal, chamado de "dólar blue", superou 600 pesos por 1 dólar nos dias antes da eleição, dado o nervosismo no mercado antes da votação. 

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