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ElBaradei, a "voz" da oposição, é o novo vice do Egito

Político chegou a ser cotado para assumir o governo de transição, mas essa escolha foi considerada pouco consensual por um partido salafista

Mohamed ElBaradei, em 22 de novembro de 2012, durante coletiva de imprensa no Cairo (AFP / Stringer)

Mohamed ElBaradei, em 22 de novembro de 2012, durante coletiva de imprensa no Cairo (AFP / Stringer)

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Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2013 às 18h58.

Cairo - Mohamed ElBaradei, novo vice-presidente encarregado das relações internacionais, é um dos egípcios mais conhecidos no exterior desde que ocupou o cargo de diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz em 2005.

Conduzido pelas novas autoridades por ser popular entre os militantes pró-democracia, passou de crítico aos militares a um de seus defensores.

ElBaradei chegou a ser cotado para assumir o governo de transição, mas essa escolha foi considerada pouco consensual por um partido salafista pertencente a um movimento laico de oposição ao ex-presidente Mohamed Mursi.

Pouco antes do golpe militar que destituiu Mursi, ElBaradei foi escolhido pela oposição para ser sua "voz" e para representá-la nas discussões sobre uma transição política.

Como tal, ele tem sido associado ao "roteiro" apresentado pelo chefe do Exército egípcio, general Abdel Fattah al-Sissi, para organizar a transição política.

Diplomata de carreira, de 71 anos, é considerado um homem íntegro e de fortes convicções democráticas, mas também austero e um orador medíocre.

Ele chefiou a AIEA de 1997 a 2009, e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2005 pelo seu trabalho contra a proliferação das armas nucleares.

Nesse período se opôs à invasão americana ao Iraque, rejeitando as pseudo-evidências apresentadas pelo governo Bush sobre o suposto programa nuclear de Saddam Hussein. Também se posicionou contra os Estados Unidos na recente questão iraniana.

Retornou ao Egito em 2010, triunfalmente recebido por centenas de simpatizantes no aeroporto do Cairo, para se engajar na oposição a Mubarak.

Ele procurou então unir a oposição em torno de um projeto de reformas, chegando até mesmo a tentar uma reconciliação com a Irmandade Muçulmana.


ElBaradei conseguiu atrair os jovens, os intelectuais e as classes médias urbanas, que formaram a vanguarda da revolta no início de 2011.

No entanto, sofreu com a falta de visibilidade dentro do Egito e enfrentou uma campanha virulenta, que deixou marcas profundas, sendo apresentado como distante da realidade egípcia, e até mesmo como um agente estrangeiro.

A imprensa publicou fotos de sua filha Laila em trajes de banho em seu casamento, durante o qual foi servido vinho, o que provavelmente chocou a sociedade conservadora.

Desde o início da revolta contra Mubarak, em janeiro e fevereiro de 2011, ElBaradei se apresentou em diversas ocasiões à multidão reunida na Praça Tahrir.

Após a queda do presidente, rapidamente se tornou um crítico severo ao Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) do marechal Hussein Tantawi, que dirigiu o país. ElBaradei o acusou na época de perpetuar um sistema autoritário.

Em 2012, retirou-se da corrida presidencial, considerando que as condições de votação não eram democráticas.

A eleição foi vencida pelo candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, que foi o outro alvo das críticas de ElBaradei, que passou a chamá-lo de "o novo faraó".

Ele fundou um partido político, Al-Dostour (Partido da Constituição), que faz parte de uma coalizão de formações laicas, liberais e de esquerda.

Mohamed ElBaradei nasceu 17 junho de 1942 no Cairo, filho de um advogado e presidente da Associação Nacional de Advogados.

Formado em Direito pela Universidade do Cairo, entrou para o serviço diplomático em 1964 e foi enviado a Genebra e Nova York. Em seguida, participou da equipe de negociação que levou ao tratado de paz com Israel em Camp David.

Iniciou sua carreira nas Nações Unidas em 1980. Após a primeira Guerra do Golfo, em 1991, foi enviado ao Iraque para desmantelar o programa nuclear iraquiano.

Casado e pai de dois filhos, recebeu em 2006 a "Medalha do Nilo", a mais alta distinção no Egito.

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