Atentado: as autoridades seguem buscando outros suspeitos (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)
AFP
Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 10h00.
O Ministério egípcio do Interior acusou nesta segunda-feira a cúpula da Irmandade Muçulmana no Qatar de treinar e financiar os autores do atentado que matou 25 pessoas em uma igreja do Cairo no domingo.
A Irmandade Muçulmana negou estar envolvida no ataque, perpetrado contra a igreja São Pedro e São Paulo, vizinha à catedral copta de São Marcos, sede do papa ortodoxo Teodoro II.
O atentado, que não foi reivindicado, é o mais sangrento já realizado contra a comunidade copta do Egito.
O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, anunciou nesta segunda-feira que "o autor do atentado é Mahmud Chafiq Mohamed Mostafa, de 22 anos, que detonou seu cinturão de explosivos".
Segundo o ministério do Interior, Mohamed Mostafa foi detido em 2014 quando fazia a segurança de comboios da Irmandade Muçulmana, sendo libertado no mesmo ano.
Desde então, era procurado em outras duas investigações vinculadas a grupos fundamentalistas muçulmanos.
O ministério do Interior divulgou ainda a identidade de quatro pessoas - três homens e uma mulher - detidos com base na investigação do atentado.
Os detidos são Rami Mohamed Abdel Hamid Abdel Ghani - suspeito de ter escondido explosivos e abrigado o suicida -, Mohsen Mostafa el-Sayed Casem, Mohamed Hamdi Abdel Hamid Abdel Ghani e Ola Husein Mohamed Alí.
As autoridades seguem buscando outros suspeitos, incluindo Mohab Mostafa el-Sayed Casem, conhecido como "Doutor", líder do grupo.
Mohab Casem teria viajado em 2015 ao Qatar para se reunir com a direção da Irmandade Muçulmana que fugiu do Egito, que lhe ofereceu apoio logístico e financeiro para realizar atentados no Egito.
Após regressar ao Egito, Mohab teria se deslocado para o norte do Sinai, onde treinou o manejo de armas e explosivos.
No Cairo, Mohab recebeu o encargo da Irmandade Muçulmana no Qatar de preparar o atentado contra a comunidade copta egípcia, e passou a treinar o grupo no bairro de Al-Ceitun.
Segundo o ministério do Interior, o objetivo do ataque era "criar um conflito religioso de grande escala".
O grupo Conselho Revolucionário Egípcio, suposto braço da Irmandade Muçulmana, publicou em 5 de dezembro passado uma declaração prometendo "atacar os chefes da igreja ortodoxa devido a seu apoio ao Estado".
A comunidade copta egípcia não sofria um atentado tão mortífero desde o ataque suicida que deixou mais de 20 mortos em 1º de janeiro de 2011, na saída de uma igreja de Alexandria.