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Doente em Cuba, Chávez falta à festa da própria posse

O país segue governado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, enquanto Chávez passa por tratamento


	"Só Deus sabe o que vai acontecer", afirmou um participante de uma demonstração de apoio ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que passa por tratamento em Cuba
 (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

"Só Deus sabe o que vai acontecer", afirmou um participante de uma demonstração de apoio ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que passa por tratamento em Cuba (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2013 às 16h09.

Caracas - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, segue doente em Cuba enquanto seus partidários realizaram uma grande demonstração de apoio no dia em que ele deveria tomar posse para um novo mandato de seis anos, nesta quinta-feira.

O adiamento da posse, inédito na história venezuelana, ilustra a gravidade do estado de saúde de Chávez, que já passou por quatro cirurgias em decorrência de um câncer na região pélvica.

O vice-presidente Nicolás Maduro, um ex-motorista de ônibus já apontado por Chávez como seu herdeiro político, comanda interinamente o país na ausência do ex-militar.

O presidente socialista, figura onipresente na mídia local desde sua ascensão ao poder em 1999, não é visto ou ouvido em público desde a cirurgia de 11 de dezembro.

"Só Deus sabe o que vai acontecer", disse Williams Medina, um trabalhador de 49 anos, à Reuters em meio a uma multidão de partidários de Chávez vestidos de vermelho no entorno do palácio presidencial, muitos usando cartazes com fotos de seu herói.

"Mas estamos prontos para fazer o que ele nos ensinou, porque cada um de nós é um Chávez. Estamos prontos para continuar com o socialismo, porque esse é o único caminho para salvar o planeta Terra." Os 29 milhões de venezuelanos agora acompanham nervosamente aquele que pode ser o último capítulo na extraordinária vida de Chávez, que cresceu em uma humilde moradia rural para se tornar um dos mais conhecidos chefes de Estado do mundo.


A saga também tem enormes implicações para Cuba e outros países com governos de esquerda, que se beneficiam do petróleo subsidiado e de outras generosidades chavistas.

Vários amigos estrangeiros, incluindo os presidentes do Uruguai, Bolívia, Haiti e Nicarágua, participaram dos eventos de quinta-feira em Caracas, apesar da ausência de Chávez.

"Devemos expressar nossa solidariedade neste momento imensamente difícil a um homem que lembrou do meu povo, que não virou as costas", disse o presidente uruguaio, José Mujica, referindo-se a políticas de Chávez na América Latina.

"Você dificilmente vê esse tipo de solidariedade em outro lugar do mundo... A marca de Chávez é profunda, e esperamos que ele possa superar essa doença", disse o ex-guerrilheiro de esquerda à Telesur, emissora de TV criada por Chávez.

OPOSIÇÃO FURIOSA

O palácio Miraflores, centro da manifestação desta quinta, foi o cenário de alguns dos principais dramas do governo Chávez, de um protesto em 2002 e um golpe que o retirou brevemente do poder a discursos de vitórias após eleições e retornos emocionantes ao país após tratamentos para o câncer em Havana.

A oposição venezuelana está furiosa com o que vê como uma manipulação da Constituição por parte do chavismo, para evitar a nomeação de um presidente interino devido à ausência de Chávez na quinta-feira.


Henrique Capriles, candidato derrotado por Chávez na eleição presidencial de outubro, disse no entanto que a oposição não pretende realizar uma manifestação paralela, devido ao risco de violência.

"Não convocar as pessoas às ruas não é um sinal de fraqueza, mas de responsabilidade", disse ele a jornalistas. "Quem lucra com um cenário de conflito? Eles ganham, os pseudolíderes que não são donos do país, nem da sua soberania." A embaixada dos EUA em Caracas aconselhou os cidadãos norte-americanos na Venezuela a terem cautela nos próximos dias.

Um militar venezuelano de alta patente disse à TV estatal que a segurança nas fronteiras está sendo reforçada, e que as forças de segurança estão presentes para transmitir "uma sensação de paz e tranquilidade".

O governo divulga poucos detalhes sobre o estado de Chávez, o que alimenta rumores. Na quarta-feira, autoridades reguladoras da mídia informaram que o canal de oposição de TV Globovision será alvo de um procedimento administrativo por "gerar ansiedade" com sua cobertura da doença do presidente.

A versão governamental é de que Chávez sofreu complicações depois da última cirurgia, incluindo uma severa infecção pulmonar, mas que está reagindo. Pelo Twitter, no entanto, correm especulações de que ele estaria sobrevivendo por aparelhos, ou correria o risco de uma falência generalizada dos órgãos.

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