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Do referendo ao acordo, dois anos e meio de Brexit

Depois de 43 anos de integração, 52% dos britânicos decidiram pôr fim a integração com a União Europeia

Brexit: o Reino Unido deve deixar a União Europeia em 29 de março de 2019 (Jasper Juinen/Getty Images)

Brexit: o Reino Unido deve deixar a União Europeia em 29 de março de 2019 (Jasper Juinen/Getty Images)

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AFP

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 17h21.

Desde a inesperada decisão por referendo de abandonar a União Europeia até a aprovação, nesta quarta-feira (14), por Londres do acordo com Bruxelas, o Reino Unido viveu dois anos e meio de um avanço acidentado rumo ao Brexit.

Voto a favor do Brexit

Em 23 de junho de 2016, em um referendo que terminou com 52% de votos a favor e 48% contra, os britânicos decidiram pôr fim a 43 anos de integração com a União Europeia.

Este resultado levou o então primeiro-ministro conservador, David Cameron, que havia convocado a consulta e liderou a campanha por permanecer na UE, a se demitir.

Na disputa por substituí-lo, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, partidário do Brexit, se retirou no último momento e Theresa May, ministra do Interior de Cameron durante seis meses, se tornou primeira-ministra em 11 de julho.

Recusa judicial e aprovação parlamentar

Em 3 de novembro de 2016, a Alta Corte britânica decidiu que o governo precisava da aprovação parlamentar para iniciar o processo do Brexit.

O tabloide Daily Mail qualificou os juízes de "inimigos do povo" e o governo recorreu da decisão.

Em 24 de janeiro de 2017, a Corte Suprema confirmou a sentença, embora afirmando que o Executivo não tinha a obrigação de consultar as autoridades de Escócia, Irlanda do Norte ou Gales nas negociações.

Em 13 de março, o Parlamento aprovou a lei que abria o caminho para May iniciar o divórcio da UE.

A largada

Com uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em que anunciava formalmente a intenção de deixar o bloco, em 29 de março de 2017 o governo britânico ativou o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, que rege o mecanismo de retirada voluntária de um país-membro.

Iniciou-se, assim, o prazo de dois anos que deve desembocar na saída britânica, em 29 de março de 2019.

May perde a maioria

Tentando aproveitar a aparente fragilidade do opositor Partido Trabalhista e fortalecer sua posição nas negociações do Brexit, May antecipou as eleições para 8 de junho e fracassou: perdeu a maioria absoluta e teve que negociar o apoio dos dez deputados do partido unionista norte-irlandês DUP para poder governar.

A questão da Irlanda se tornou o principal obstáculo da negociação sobre os termos do divórcio. A UE e Dublin exigem que a fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda continue sendo de livre trânsito, mas isto causa mal estar com a oposição do DUP a que os norte-irlandeses tenham um tratamento diferente do restante dos britânicos.

Acordados termos-chave

Em 8 de dezembro de 2017, após negociações maratônicas, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e May anunciavam em Bruxelas ter chegado a um acordo sobre alguns termos-chave da separação.

Estes incluíam a conta que o Reino Unido deverá pagar, respeitando os compromissos previamente adquiridos com o bloco: 39 bilhões de libras (51 bilhões de dólares, 44 bilhões de euros).

Após meses de debate e após receber o consentimento formal da rainha Elizabeth II, o texto que promulga a decisão de deixar a UE se tornou lei em 26 de junho de 2018.

Dois ministros se demitem

Em 6 de julho de 2018, May obteve o acordo de seu governo para negociar a manutenção de estreitas relações comerciais com a UE após o Brexit.

Nos três dias seguintes, demitiram-se o ministro eurocético do Brexit David Davis, que afirmou que May estava "cedendo demais e muito rápido", e o ministro de Relações Exteriores, Boris Johnson, que se tornou o principal detrator dos planos de May através de sua coluna semanal no jornal Daily Telegraph.

Acordo com Bruxelas

Em 13 de novembro de 2018, o governo britânico anunciou que os negociadores do Reino Unido e da União Europeia haviam conseguido um "projeto de acordo", que no dia seguinte recebeu luz verde do governo, apesar de suas divisões.

Contudo, em 15 de novembro, quatro membros do gabinete renunciaram afirmando discordar do texto, que May defende diante de um Parlamento majoritariamente hostil. A câmara deverá ratificá-lo em dezembro.

O presidente da UE, Donald Tusk, anuncia a cúpula europeia extraordinária para validar o acordo em 25 de novembro.

Os negociadores britânicos e europeus alcançam, em 22 de novembro, um acordo provisório sobre as relações entre Reino Unido e UE após o Brexit, que acompanhará o Acordo de Saída.

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