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Dividida, Irlanda vai às urnas para eleições parlamentares pós-Brexit

Novo ministro terá desafio de costurar acordo entre a Irlanda, independente e membro da UE, e a vizinha Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido

CARTAZES DE CANDIDATOS NA IRLANDA: como não faz parte do Reino Unido, país não votou no referendo do Brexit em 2016, embora tenha sido afetado por elee (Phil Noble/Reuters)

CARTAZES DE CANDIDATOS NA IRLANDA: como não faz parte do Reino Unido, país não votou no referendo do Brexit em 2016, embora tenha sido afetado por elee (Phil Noble/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2020 às 05h43.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2020 às 07h12.

São Paulo — Após o Reino Unido finalmente chegar a um acordo de desembarque com a União Europeia (UE), o governo da Irlanda resolveu adiantar suas eleições parlamentares que estavam previstas para 2001. No próximo sábado 8, milhares de irlandeses devem ir às urnas para um pleito que, segundo as pesquisas mais recentes, está tão fragmentado quanto o atual governo. 

A Irlanda é um território independente e não faz parte do Reino Unido, ao contrário da vizinha de cima, a Irlanda do Norte. Assim, segue sendo parte da União Europeia mesmo após o Brexit.

Desde 2016, o país é governado pelo primeiro-ministro Leo Varadkar, do partido de centro-direita Fini Gael. Por falta de maioria parlamentar, no entanto, o atual governo teve que se unir à oposição do Fianna Fáil, sigla liderada pelo conservador Micheál Martin.

Nessas eleições, além de Varadkar, que tenta ser reeleito, e de seu opositor Martin, o cenário político irlandês ganhou um novo nome, Mary Lou McDonald, do partido de centro-esquerda Sinn Féin. Única mulher com candidatura viável ao cargo de premiê, ela apareceu à frente dos outros dois candidatos, com 25% das intenções de voto, em um levantamento publicado na última terça-feira pelo jornal local Irish Times. 

Ainda que Mary lidere as pesquisas, dificilmente seu partido Sinn Féin, ex-braço político do extinto Exército Republicano Irlandês (IRA), conseguirá maioria para governar sem coalizões. Com a oficialização do Brexit, firmado no último dia 31 de janeiro, o novo nome que assumirá a cadeira de primeiro-ministro também deverá tomar para si o desafio da fronteira da Irlanda do Norte, questão que permanece em aberto.

A discussão sobre a melhor saída para a fronteira foi, inclusive, um dos principais motivos que atrasou em mais de um ano a conclusão do Brexit — cuja data inicial era março de 2019.

Embora o acordo firmado entre Reino Unido e UE não mencione uma fronteira física entre as duas Irlandas, o atual primeiro-ministro, Varadkar, permanece dizendo que o Brexit ainda não terminou e que a Irlanda precisará negociar com o Reino Unido para demarcar seu território. 

Varadkar contribuiu pessoalmente para o sucesso do Brexit em encontros com seu colega britânico Boris Johnson e diz que precisa permanecer no cargo para terminar o que começou. Mas o líder parlamentar foi obrigado a antecipar eleições por não ter maioria para governar pode ser lido como o reflexo da fragmentação política irlandesa. 

Como não faz parte do Reino Unido, a Irlanda não pôde votar no referendo em que 52% dos britânicos escolheram deixar a UE em 2016.

Na ocasião, a maioria dos vizinhos da Irlanda do Norte rejeitaram o Brexit, com só 44% dos votos a favor da saída — embora não o suficiente para alterar o resultado geral de todos os territórios britânicos. Ainda sem votar, a Irlanda será uma das mais afetadas pelo novo formato. A eleição irlandesa deste sábado, no fim, será uma forma indireta de a Irlanda se posicionar sobre como espera que seja seu futuro na Europa.

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