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Deserto mais árido do mundo, Atacama floresce

Um tapete de flores multicolorido cobre o deserto do Atacama, o mais árido do mundo, localizado no norte do Chile, com uma intensidade nunca vista antes


	Deserto do Atacama: nas imensas ladeiras desérticas, floresceram milhares de espécies de flores nas cores amarela, vermelha, branca e violeta
 (Wikimedia Commons)

Deserto do Atacama: nas imensas ladeiras desérticas, floresceram milhares de espécies de flores nas cores amarela, vermelha, branca e violeta (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2015 às 22h19.

Um gigantesco tapete de flores multicolorido cobre o deserto do Atacama, o mais árido do mundo, localizado no norte do Chile, com uma intensidade nunca vista em décadas, um efeito maravilhoso do fenômeno "El Niño".

Nas imensas ladeiras desérticas, floresceram milhares de espécies de flores nas cores amarela, vermelha, branca e violeta, que encheram de cores este imenso espaço vazio que nesta época atinge temperaturas superiores aos 40 graus Celsius.

Milhares de flores "Nolana paradoxa" em tons de violeta e branco e "Rhodophiala rhodocirion" emergem para vestir de cor a habitual palidez de suas terras.

Somam-se a esta festa colorida milhares de 'leontochires' ("Bomarea ovallei"), espécie endêmica no Chile de cor avermelhada, e "Calandrinia Longiscapa", de diferentes tonalidades, que aportam todo o seu espetáculo da natureza, que costuma produzir a cada quatro ou cinco anos e que nesta ocasião atingiu uma intensidade nunca vista em décadas.

"Este ano foi particularmente especial porque a quantidade de água que caiu fez com que seja talvez o mais espetacular dos últimos 40 ou 50 anos", disse à AFP Raúl Céspedes, museólogo e acadêmico da Universidade do Atacama.

Outro efeito do El Niño

O fenômeno climático El Niño, que impactou com maior força este ano, trouxe as chuvas necessárias para que germinem os bulbos e os rizomas (talos subterrâneos que crescem de forma horizontal), que se mantêm latentes neste local árido.

"Quando a gente pensa no deserto, pensa em absoluta secura, mas há um ecossistema que está latente e esperando para que certas condições ocorram", como a queda d'água, altas temperaturas e umidade, explicou Céspedes.

O fenômeno da floração foi particularmente extenso este ano.

Após um primeiro florescimento no inverno, depois das incomuns chuvas que caíram em março e provocaram enxurradas que deixaram mais de 30 mortos na região do Atacama, uma segunda foi registrada no começo da primavera austral.

"O caso de agora foi um fenômeno muito incomum, já que devido às enxurradas em março, ocorreu uma floração especial na época do inverno, situação da qual não havia registro (...) e depois houve outra floração na primavera", disse à AFP Daniel Díaz, diretor regional do Serviço Nacional de Turismo da Região do Atacama.

"Duas florações ao ano é algo muito incomum no deserto mais árido do mundo e isto é algo que pudemos desfrutar na nossa primavera, junto com pessoas de todo o mundo. Há muita expectativa e interesse por conhecê-lo", acrescentou.

O fenômeno foi muito benéfico para a região, que registra um aumento de 40% na visitação de turistas.

"É muito incomum. Viemos tomar café da manhã com as flores. Viemos da Inglaterra dirigindo ao redor do mundo", contou à AFP Edward Zannahand, turista inglês, enquanto contemplava a paisagem.

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