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Deputado neonazista é preso na Europa por organização criminosa

O deputado grego Ioannis Lagos, ex-dirigente de um partido neonazista, foi preso nesta manhã depois que o Parlamento Europeu decidiu retirar sua imunidade

Ioannis Lagos: deputado neonazista foi preso na Bélgica (AFP/AFP)
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Carolina Riveira

Publicado em 27 de abril de 2021 às 14h52.

Última atualização em 27 de abril de 2021 às 14h52.

O eurodeputado grego Ioannis Lagos, ex-integrante do partido neonazista Aurora Dourada, foi detido nesta terça-feira em Bruxelas, na Bélgica. A prisão aconteceu poucas horas depois de o Parlamento Europeu votar para retirar sua imunidade parlamentar.

Lagos foi detido com base em uma ordem de prisão internacional emitida contra ele, segundo a AFP. A ordem indica que ele cumpra pena de 13 anos de prisão na Grécia por "liderar uma organização criminosa".

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Os eurodeputados do Parlamento Europeu haviam decidido durante esta manhã em Bruxelas aprovar a retirada da imunidade parlamentar de Lagos. A aprovação ocorreu por ampla maioria: 658 eurodeputados votaram pelo fim da imunidade do líder neonazista, ante 25 contrários e 10 abstenções.

Sem a imunidade parlamentar, o caminho ficou aberto para que Lagos fosse preso diante das acusações que tinha contra si. Ele havia sido eleito em outubro de 2019 pelo Aurora Dourada, deixando o partido meses depois para se tornar independente no Parlamento.

Lagos, que tem 48 anos, está entre entre os 40 dirigentes e ex-dirigentes do Aurora Dourada que foram condenados em outubro do ano passado pela Justiça da Grécia.

O processo durou cinco anos e meio, e foi desencadeado sobretudo após a morte do cantor de hip-hop e militante antifascista Pavlos Fyssas, morto a facadas por um apoiador do Aurora Dourada em 2013. Além de Fyssas, o Aurora Dourada é relacionado a uma série de outros ataques a opositores e imigrantes na Grécia.

Em meio às acusações, o Aurora Dourada se desfez, mas chegou a ser um gigantesco partido que representou um terço do parlamento na Grécia. A legenda ganhou força na última década em meio à crise econômica de 2008 que devastou a Grécia. Seus principais alvos eram a União Europeia e imigrantes, sobretudo muçulmanos.

O julgamento contra os líderes da Aurora Dourada foi visto como um dos marcos europeus diante da ascensão do pensamento neonazista na Europa.

O principal líder do Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, também está preso. Outro dirigente do partido, Christos Pappas, está foragido desde a sentença no ano passado.

O Parlamento Europeu chegou a ser criticado pela demora em deliberar sobre a imunidade de Lagos, que impedia sua prisão na Bélgica desde a sentença.

Após a decisão desta manhã, o italiano David Sassoli, presidente do Parlamento, disse ao jornal americano The New York Times que estava "satisfeito" com a decisão de retirar a imunidade do deputado, e afirmou que a medida havia sido tomada com apoio de "uma maioria absoluta" dos parlamentares.

"Agora cabe às competentes autoridades nacionais da Grécia concluírem os procedimentos criminais e levar à Justiça cada membro deste grupo neofascista e criminoso que balançou a sociedade grega por tempo demais", disse.

Como Lagos foi detido na Bélgica, onde fica o Parlamento Europeu, o parlamentar precisará ainda ser extradito à Grécia, onde foi dada sua sentença. A Justiça belga precisará conceder uma ordem autorizando a extradição, o que pode ainda levar meses. A polícia grega afirma que Lagos deve ser preso assim que desembarcar em Atenas.

(Com AFP)


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