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Depois do G20, Lula recebe Xi para aproximar ainda mais Brasil e China

O líder chinês espera manter conversas com Lula "sobre a melhoria das relações entre a China e o Brasil

O presidente chinês Xi Jinping participa da reunião de formato estendido da cúpula do BRICS em Kazan em 23 de outubro de 2024 (Alexander NEMENOV /AFP)

O presidente chinês Xi Jinping participa da reunião de formato estendido da cúpula do BRICS em Kazan em 23 de outubro de 2024 (Alexander NEMENOV /AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 20 de novembro de 2024 às 09h00.

Última atualização em 20 de novembro de 2024 às 09h10.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, nesta quarta-feira, 20, em Brasília, o seu homólogo chinês, Xi Jinping, para falar sobre economia e comércio, depois de ambos terem se reunido na cúpula do G20, no Rio de Janeiro.

A visita de Estado do presidente chinês, com uma série de acordos bilaterais previstos, buscará consolidar uma relação robusta entre os dois gigantes do Sul global, em um mundo em "turbulência", nas palavras de Xi.

O líder chinês espera manter conversas com Lula "sobre a melhoria das relações entre a China e o Brasil, promovendo a sinergia das estratégias de desenvolvimento dos dois países", segundo a agência estatal chinesa Xinhua.

O Brasil buscará diversificar suas exportações "com produtos brasileiros com maior valor agregado", disse o secretário para a Ásia Pacífico do Itamaraty, Eduardo Paes Saboia.

Com US$ 160 bilhões (cerca de R$ 923,7 bilhões na cotação atual) em transações bilaterais em 2023, a China é o maior parceiro comercial do Brasil.

O Brasil, uma potência agrícola, envia soja e outras matérias-primas para a China, enquanto o país asiático vende semicondutores, telefones, veículos e medicamentos.

Xi se reunirá com Lula no Palácio da Alvorada, sob forte presença policial, uma semana depois de um indivíduo ter cometido o que a polícia investiga como uma "ação terrorista" ao se detonar com explosivos em frente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os parceiros do grupo Brics farão então uma declaração conjunta, antes de realizarem um jantar na sede do Itamaraty.

"Sul Global em ascensão"

O encontro entre os líderes da China e do Brasil, segundo e sétimo países em população do mundo, respectivamente, ocorre em um contexto internacional complicado, demonstrado pelos tímidos progressos alcançados pela cúpula do G20 relacionados às guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e à questão climática.

O retorno de Donald Trump à Casa Branca prenuncia uma abordagem isolacionista e mais conflituosa nos Estados Unidos, especialmente no comércio com a China.

"O mundo está entrando em um novo período de turbulência e mudança", disse Xi no Rio de Janeiro, à margem da cúpula das 20 principais economias.

"O Sul Global está em ascensão coletiva", afirmou o líder chinês em um artigo publicado na imprensa brasileira antes de sua visita.

Xi chega a Brasília após manter reuniões bilaterais com vários líderes à margem do G20 no Rio, incluindo o argentino Javier Milei, forte aliado de Trump.

"Xi Jinping busca claramente preencher o vazio que surgirá com a eleição de Trump, que não valoriza o multilateralismo", disse Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O governo Lula, no entanto, tem sido ambíguo em relação à iniciativa "Belt and Road" (Uma Faixa, Uma Rota) para obras de infraestrutura, um pilar de Xi para expandir a influência da China no mundo, e que tem sido adotada por outros vizinhos latino-americanos.

O Brasil "está tentando equilibrar seu interesse em uma relação política, comercial e até militar cada vez mais forte com a China, com a manutenção de um bom relacionamento com os Estados Unidos", disse à AFP Evan Ellis, analista do think tank CSIS, em Washington.

Provérbio chinês

Natalia Molano, porta-voz do Departamento de Estado em espanhol, afirmou à AFP que Washington incentiva o Brasil a "avaliar com os olhos abertos os riscos e benefícios de uma aproximação com a China".

"Como diz um provérbio chinês: quem usa sapatos é o único que sabe se esses sapatos realmente lhe servem", disse uma fonte diplomática chinesa em resposta.

"A China e a América Latina e o Caribe são os que têm a palavra final sobre o desenvolvimento do seu vínculo", acrescentou.

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