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Depois da Huawei, 'diplomacia de reféns' preocupa empresas na China

"Parece cada vez mais que as empresas estão sendo politizadas", alertou Steven Lynch, diretor-gerente da Câmara Britânica de Comércio na China

A diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, sai de sua casa em Vancouver, Canadá, para comparecer a uma audiência de extradição

 (AFP/AFP)

A diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, sai de sua casa em Vancouver, Canadá, para comparecer a uma audiência de extradição (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 30 de setembro de 2021 às 14h29.

Última atualização em 30 de setembro de 2021 às 15h12.

O retorno da diretora financeira da Huawei Meng Wanzhou, que estava presa desde 2018 no Canadá, foi celebrado na China enquanto a comunidade empresarial internacional teme uma "diplomacia de reféns".

Esse medo se baseia em uma parte da história que a imprensa estatal chinesa silenciou: enquanto a multidão se preparava para receber Meng no Aeroporto de Shenzhen, dois canadenses seguiram na direção oposta após quase três anos detidos.

O ex-diplomata Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor foram presos na China em dezembro de 2018, logo após a prisão de Meng em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos em um caso de fraude.

Pequim insiste que os fatos não têm conexão, mas a detenção dos canadenses foi vista como uma retaliação.

 

"Parece cada vez mais que as empresas estão sendo politizadas", alertou Steven Lynch, diretor-gerente da Câmara Britânica de Comércio na China.

O caso de Meng e dos canadenses levantou temores de que funcionários de empresas estrangeiras possam ser detidos devido a tensões diplomáticas entre a China e seus países de origem.

Risco elevado

Os canadenses foram acusados de espionagem em uma denúncia sem maiores detalhes e ficaram quase incomunicáveis durante sua detenção.

O caso afetou as relações sino-canadenses e a imagem de Pequim em todo o mundo. Também aumentou a pressão sobre as empresas estrangeiras que enfrentam dificuldades devido ao crescente nacionalismo, disputas comerciais e normas cada vez mais rígidas na China.

Algumas decidiram que os riscos são muito altos e começaram a reduzir sua presença no país. Outras relutam em enviar seus trabalhadores ao gigante asiático.

Kovrig e Spavor não foram as únicas vítimas da aparente retaliação chinesa.

Um irlandês está preso desde 2019, depois que seu empregador se envolveu em uma disputa legal. Um jornalista australiano da rede chinesa CGTN foi preso no ano passado, em meio à deterioração das relações entre Pequim e Canberra.

As suspeitas de diplomacia de reféns aumentaram no domingo, quando dois irmãos americanos, impedidos de deixar a China desde 2018 por supostos "crimes econômicos" cometidos por seu pai, de repente voltaram para casa.

Seguir as regras

A China rechaçou as advertências do Canadá e dos Estados Unidos, incluindo as referentes a detenções arbitrárias, e afirma que se baseiam em "mentiras absurdas". Mas isso não tranquilizou as empresas estrangeiras, muitas das quais precisam estar presentes no enorme mercado chinês.

O risco de detenção arbitrária não está entre as maiores preocupações diárias das multinacionais, mas afeta o sistema de negócios cada vez mais politizado.

Grandes empresas mundiais já foram punidas e tiveram de se desculpar depois de irritar a China com questões delicadas como Taiwan ou o tratamento da minoria uigur em Xinjiang.

Um dirigente empresarial minimizou o risco de prisão arbitrária e o comparou ao risco de ser atingido por um raio. No entanto, o medo de desagradar as autoridades chinesas está aumentando.

"As empresas estão mais cuidadosas do que nunca para evitar a política e seguir as regras na China, sejam elas quais forem", disse um membro de uma câmara empresarial europeia em Hong Kong.

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