O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, em entrevista coletiva (Leo Ramirez/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2013 às 00h20.
Caracas- A Venezuela entrou de vez no clima das eleições com novas denúncias sobre a existência de planos para atentar contra o líder opositor, Henrique Capriles, enquanto se aproxima o final do velório de Hugo Chávez sem saber ainda se seu corpo será embalsamado.
Maduro aproveitou hoje um discurso na inauguração da Feira Internacional do Livro para comentar que, apesar da promessa que Chávez seria embalsamado, essa ideia pode não ser concretizada.
O presidente interino Maduro indicou que cientistas russos e alemães chegaram ao país para o processo de embalsamamento e que 'vai ser bastante difícil que seja assim, porque os preparativos já deviam ter começado e a decisão deveria ter sido tomada muito antes'.
Maduro destacou que essa 'proposta' foi 'produto do amor' e de conversas e ideias formuladas por alguns dos líderes que assistiram na sexta-feira passada ao funeral de Chávez e por integrantes da direção político-militar da revolução.
'É preciso que todo mundo saiba que há dificuldades e essas dificuldades podem impedir que se faça o que foi feito com Lênin, Ho Chi Minh e Mao Tse Tung', acrescentou.
'De qualquer forma, devemos ter viva sua imagem, sua voz, seu pensamento, devemos tê-lo vivo', continuou Maduro.
No último dia 7 de março, dois dias depois da morte de Chávez, Maduro anunciou que o destino do corpo do líder seria uma urna de vidro na qual permaneceria embalsamado 'eternamente'.
O presidente interino disse então que o corpo seria levado ao Museu da Revolução, no oeste de Caracas, uma primeira parada em sua viagem rumo ao mausoléu que abrigará definitivamente seu corpo.
Enquanto isso, seguidores do falecido chefe de Estado e dirigentes de seu partido, o Socialista Unido da Venezuela (PSUV), haviam cogitado a possibilidade do corpo de Chávez ser levado ao Panteão Nacional, onde repousam os restos de Simón Bolívar.
No entanto, ontem foi adiada a apresentação da proposta perante a Assembleia Nacional da emenda constitucional para que o corpo de Chávez possa ser levado ao Panteão, porque o governo quer estudar mais 'os mecanismos' para essa mudança.
O que foi aprovado e já publicado na Gazeta Oficial foi a ampliação até a próxima sexta-feira do luto nacional decretado no último dia 5 de março, quando Chávez morreu.
Nesse dia o caixão de Chávez será transferido da Academia Militar, onde é velado desde o último dia 6, para o museu do oeste de Caracas, onde será realizado um ato oficial ao qual já confirmou sua presença o presidente da Bolívia, Evo Morales.
Em paralelo ao luto por Chávez, o clima pré-eleitoral continua esquentando. Hoje Maduro veio a público para alertar sobre supostos planos da 'extrema-direita' para atentar contra o líder opositor, Henrique Capriles.
'Detectamos planos da extrema-direita vinculados ao grupo de Roger Noriega (ex-embaixador dos Estados Unidos na OEA) e Otto Reich (ex-embaixador dos EUA na Venezuela) para fazer um atentado contra o candidato presidencial da oposição', disse Maduro.
O presidente interino indicou durante seu discurso na inauguração da Feira Internacional do Livro de Caracas que ordenou ao chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN), Miguel Rodríguez, oferecer ao líder opositor 'toda proteção policial e de segurança' para garantir sua vida.
O chefe da campanha de Capriles, Henry Falcon, denunciou ontem que funcionários do governo lhe informaram que se preparava uma emboscada contra o candidato opositor e, por isso, este não foi pessoalmente inscrever na segunda-feira sua candidatura para as eleições presidenciais.
Na campanha para as eleições de outubro do ano passado, vencidas por Chávez, o falecido presidente ordenou ao SEBIN reunir-se com membros da segurança de Capriles, que também foi candidato para esse pleito, para advertir-lhe de um suposto atentado, uma declaração que o opositor tachou então de 'irresponsável'.
Capriles, Maduro e outros cinco candidatos se enfrentarão nas eleições do próximo dia 14 de abril que foram convocadas após a morte no dia 5 de março do governante Hugo Chávez, vítima de um câncer diagnosticado há cerca de dois anos.